sábado, 5 de dezembro de 2015

Conferência de D. Athanasius Schneider em Lisboa (Parte II)

Nota - A primeira parte deste resumo encontra-se aqui: Conferência de D. Athanasius Schneider em Lisboa (Parte I)
Depois de tratar algumas questões relativas à Santa Missa e à Celebração Litúrgica, D. Athanasius Schneider debruçou-se sobre a temática específica da reverência devida à Eucaristia, sobre a qual tem dois livros publicados, Dominus Est e Corpus Christi. Defende que não há renovação da Igreja sem um maior respeito por este Sacramento.

“O sítio mais concreto onde vemos o Céu na terra é no Corpo Eucarístico de Cristo”

Jesus na Hóstia consagrada é onde temos concretamente contacto directo com Ele. É de facto onde vemos o Céu na Terra. No entanto, muitas vezes não damos a isto a devida importância. Muitas vezes o Sacrário não é o centro das nossas igrejas, mas está antes colocado a um canto. Muitas vezes olhamos para o Corpo Eucarístico de Cristo de uma forma simplesmente trivial. A causa, diz D. Athanasius é a comunhão na mão, que banaliza o Sacramento. D. Athanasius apresentou três argumentos pelos quais a comunhão na mão deverá acabar. 

“Parem! Pensem! Como tratamos o Céu aqui na Terra, escondido na Hóstia consagrada?” 

1 - Faltam gestos claros de adoração


Em primeiro lugar, ao comungar com a mão faltam gestos claros de adoração para com Nosso Senhor. É totalmente diferente a atitude de deixar-se alimentar do Pão dos Céus como uma criança, recebendo-O de joelhos - que é o gesto de maior reverência que podemos ter - ou dar-me a mim próprio a Eucaristia com os dedos. Nós não somos Anjos, que não têm corpo. Somos alma e corpo, o corpo também tem valor. Mostremos reverência também com o corpo!

2 - Quase sempre há perda de fragmentos da Eucaristia


Os Padres sabem que, ao fazerem a purificação dos vasos sagrados depois da comunhão, a patena onde esteve Jesus Eucarístico tem quase sempre partículas que são o Corpo de Cristo. Vejam então o que não será quando se coloca a Eucaristia na palma da mão. A maioria das pessoas não presta atenção se ficaram partículas na palma da mão depois de comungarem. Em quase todas as igrejas hoje em dia não se usa patena no momento da comunhão para evitar a queda dessas partículas no chão. Essas mesmas partículas são depois pisadas e espezinhadas pelas mesmas pessoas que comungaram, sem sequer se aperceberem! Note-se que não se tratam de casos esporádicos, mas de um fenómeno que se dá em massa, regularmente, em quase todas as igrejas.

3 - Fenómeno crescente de furto de Hóstias consagradas


A comunhão na mão potencia grandemente a possibilidade de serem furtadas hóstias consagradas. D. Athanasius atesta que, em alguns lugares, há até quem o faça de modo sistemático. “Isto é gravíssimo! Um horror! Devemos defender Aquele que se fez, por amor a nós, o mais indefeso, o mais periférico e o mais pobre, que é Nosso Senhor Sacramentado na Hóstia Sagrada, que é pisado no chão e roubado!”

“Se continuamos a pisar Jesus e a recebê-Lo da mesma maneira que recebemos uma bolacha, não há renovação da Igreja”

O coração da Igreja é Jesus, e o coração está fraco, pois tratamo-Lo mal. “Se o coração da Igreja está fraco, como pode o corpo estar bem?” Tratar o corpo sem tratar primeiro o coração não passará de cosmética que se faz num corpo doente, que não irá melhorar sem o seu órgão vital. 

D. Athanasius sublinha a importância fundamental do cuidado que devemos ter com a Eucaristia. Se a Eucaristia é simplesmente um símbolo, sem que Jesus esteja aí realmente presente, então não me preciso de preocupar. Agora, se é um dogma de Fé que Cristo está verdadeiramente presente na Eucaristia, trata-se de algo absolutamente fundamental. Devo assim defendê-Lo, amá-Lo e adorá-Lo, estando mesmo disposto a dar a minha vida por Ele.

O exemplo dos pastorinhos de Fátima

Temos aqui em Portugal um exemplo que nos mostra como Deus quer que O adoremos. Em 1916, um ano antes das aparições de Nossa Senhora em Fátima, apareceu aos pastorinhos o Anjo de Portugal. O Anjo trazia diante de si, suspenso no ar, um cálix e sobre este uma Hóstia da qual jorravam algumas gotas de Sangue dentro do cálix. Aos pastorinhos, o Anjo ensinou como devemos adorar a Deus: ajoelhou-se e prostrou-se em terra, levando a cabeça ao chão, repetindo por três vezes a seguinte oração: 

“Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, (adoro-Vos profundamente e) ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”. 

 Temos um exemplo do Céu da maneira que Deus quer que O adoremos! 

“Consolai o vosso Deus que é tão horrivelmente ultrajado neste Sacramento” 

O Anjo disse ainda estas palavras aos pastorinhos. Que ultrajes seriam esses que o Anjo falava, no início do século XX? Olhando agora em retrospectiva podemos ver, por exemplo, a perseguição que sofria a Igreja no México, com tantos massacres e sacrilégios feitos pelos Maçons. 

Na guerra civil Espanhola, também era comum a dessacralização do Santíssimo Sacramento na perseguição que a Igreja sofria, também aqui com tantos outros mártires. Acrescentando os horrores dos regimes comunistas de Estaline, Mao e Lenine, falando D. Athanasius da sua experiência de viver sob o regime comunista, durante o qual tempos havia que só via um sacerdote uma vez por ano, que vinha clandestinamente administrar os Sacramentos.

Acabadas as perseguições políticas à Igreja, não acabaram, no entanto, os sacrilégios para com a Santa Eucaristia: Hoje em dia continuam e temo-los dentro da própria Igreja. 

D. Athanasius acaba a sua exposição com um apelo ao renovar da fé e esperança. Temos assim de mais uma vez renovar a nossa fé, intensificar a nossa oração e ter coração para a tribulação. Desagravemos e expiemos pelos ultrajes cometidos contra o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. “Tornemo-nos amantes de Jesus Eucarístico!”

Nota - A terceira parte deste resumo encontra-se aqui: Conferência de D. Athanasius Schneider em Lisboa (Parte III)


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