quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Álbum de canto gregoriano bate recordes de vendas

"Requiem", assim se chama o álbum de canto gregoriano que ocupa há 13 semanas o top na lista de 'música clássica'. As músicas foram gravadas no seminário da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, no Nebraska (Estados Unidos). Os cantores são todos Padres e seminaristas. Vale a pena ouvir, é uma beleza.


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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O Concílio Vaticano II e a Mensagem de Fátima

Rorate Coeli, Corrispondenza Romana (Senza Pagare) e outras publicações católicas reproduziram uma valiosa intervenção de D. Athanasius Schneider sobre a “interpretação do Concílio Vaticano II e a sua relação com a actual crise da Igreja”. De acordo com o Bispo Auxiliar de Astana, o Vaticano II foi um Concílio pastoral e os seus textos devem ser lidos e julgados à luz do ensinamento perene da Igreja.

"Do ponto de vista objectivo, os pronunciamentos do Magistério (Papas e concílios) de carácter definitivo têm mais valor e mais peso frente aos pronunciamentos de carácter pastoral, os quais são, por natureza, mutáveis e temporários, dependentes de circunstâncias históricas ou respondendo às situações pastorais de um determinado tempo, como é o caso com a maior parte dos pronunciamentos do Vaticano II."

Ao artigo de D. Schneider seguiu-se um equilibrado comentário do Padre Angelo Citati, FSSPX, segundo o qual a posição do Bispo alemão se assemelha àquela reafirmada constantemente por D. Marcel Lefebvre: “Dizer que avaliamos os documentos do Concílio ‘à luz da Tradição’ significa, evidentemente, três coisas inseparáveis: que aceitamos aqueles que estão de acordo com a Tradição; que interpretamos segundo a Tradição aqueles que são ambíguos; que rejeitamos aqueles que são contrários à tradição” (Mons. M. Lefebvre, Vi trasmetto quello che ho ricevuto. Tradizione perenne e futuro della Chiesa, editado por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro, Sugarco Edizioni, Milão 2010, p. 91).

Tendo sido publicado no site oficial do Distrito italiano, o artigo do Padre Citati também nos ajuda a compreender qual poderia ser a base para um acordo visando regularizar a situação canónica da Fraternidade São Pio X. Devemos acrescentar que, no plano teológico, todas as distinções podem e devem ser feitas para interpretar os textos do Concílio Vaticano II, que foi um Concílio legítimo: o vigésimo primeiro da Igreja Católica. Dependendo do respectivo teor, esses textos poderão então ser classificados como pastorais ou dogmáticos, provisórios ou definitivos, conformes ou contrários à Tradição.

Nas suas obras mais recentes, Mons. Brunero Gherardini dá-nos um exemplo de como um juízo teológico, para ser preciso, deve ser articulado (Il Concilio Vaticano II un discorso da fare, Casa Mariana, Frigento 2009 e Id., Un Concilio mancato, Lindau, Turim 2011). Para o teólogo, cada texto tem uma qualidade diferente e um grau diverso de autoridade e cogência. Portanto, o debate está aberto.

Do ponto de vista histórico, contudo, o Vaticano II é um bloco inseparável: tem a sua unidade, a sua essência, a sua natureza. Considerado nas suas raízes, no seu desenvolvimento e nas suas consequências, pode ser definido como uma Revolução na mentalidade e na linguagem que mudou profundamente a vida da Igreja, iniciando uma crise religiosa e moral sem precedentes.

Se o juízo teológico pode ser matizado e indulgente, o juízo histórico é implacável e inapelável. O Concílio Vaticano II não foi apenas um Concílio malogrado ou falido: foi uma catástrofe para a Igreja.

Uma vez que este ano marca o centenário das aparições de Fátima, convém debruçar sobre a seguinte questão: quando, em Outubro de 1962, foi inaugurado o Concílio Vaticano II, os católicos de todo o mundo esperavam a revelação do Terceiro Segredo e a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. O Exército Azul de John Haffert (1915-2001) liderou durante anos uma maciça campanha nesse sentido.

Haveria melhor ocasião para João XXIII (falecido em 3 de Junho de 1963), Paulo VI e os cerca de 3000 bispos reunidos em torno deles, no coração da Cristandade, corresponderem em uníssono e solenemente aos desejos de Nossa Senhora? A 3 de Fevereiro de 1964, D. Geraldo de Proença Sigaud entregou pessoalmente a Paulo VI uma petição assinada por 510 bispos de 78 países, na qual se implorava que o Pontífice, em união com todos os bispos, consagrasse o mundo, e de maneira explícita a Rússia, ao Imaculado Coração de Maria. O Papa e a maioria dos Padres Conciliares ignoraram o apelo. Se a consagração pedida tivesse sido feita, uma chuva de graças teria caído sobre a humanidade. E um movimento de volta à lei natural e cristã teria iniciado.

O comunismo teria caído com muitos anos de antecedência, de maneira não fictícia, mas autêntica e real. A Rússia ter-se-ia convertido e o mundo teria conhecido uma era de paz e de ordem, como Nossa Senhora prometera. A consagração omitida concorreu para que a Rússia continuasse a espalhar os seus erros pelo mundo, e para que esses erros conquistassem as cúpulas da Igreja Católica, atraindo um castigo terrível para toda a Humanidade. Paulo VI e a maioria dos Padres Conciliares assumiram uma responsabilidade histórica, cujas consequências bem podemos hoje medir.

Roberto de Mattei in 'Corrispondenza Romana' (Tradução: Fratres In Unum)


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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Papa Francisco na Birmânia




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Carta dirigida por dezenas de fiéis ao Sínodo Diocesano

Há 1 ano estava prestes a começar o Sínodo Diocesano 2016 do Patriarcado de Lisboa. Aproveitando a recomendação que a Igreja faz para que os leigos apresentem propostas concretas aos seus Pastores, um grupo de fiéis escreveu uma carta dirigida ao Sínodo. O grupo era constituído por várias dezenas de pessoas, das mais variadas profissões como diplomatas, médicos, professores, advogados, engenheiros, e também muitos estudantes de diversas áreas. 

Na esperança que esta carta possa servir para o bem espiritual dos católicos em geral fica aqui publicada 'ad perpetuam rei memoriam'.


Lisboa, 27 de Novembro de 2016

Eminência Reverendíssima, Senhor D. Manuel Cardeal Clemente, Patriarca de Lisboa,
Excelências Reverendíssimas, Senhores Bispos Auxiliares de Lisboa,
Reverendos Padres,
Excelentíssimos Senhores,

Laudetur Iesus Christus!

Começam neste dia 27 de Novembro do ano de 2016, primeiro Domingo do Advento, os trabalhos do Sínodo Diocesano da nossa diocese de Lisboa. É uma data que não chega imprevista, e que vem sendo preparada com a oração de todos. Fruto dessa oração, e procurando corresponder àquilo que o Senhor Jesus suscita nas nossas vidas, este grupo de fiéis decidiu dirigir ao Venerando Sínodo as palavras que se seguem.

Cumpre, primeiro, uma introdução sobre os subscritores desta carta. Somos mulheres e homens leigos, jovens e adultos, solteiros ou casados, de várias paróquias do Patriarcado de Lisboa, que têm em comum o facto de fazerem uma experiência de Fé comprometida, iluminada pela Tradição da Igreja.

Foi em atitude de esperança orante que recebemos o Documento de Trabalho (doravante, “DT”), datado de Julho de 2016, que expõe as principais conclusões dos grupos de trabalho preparatórios do Sínodo e, como tal, determinará o tom dos trabalhos conclusivos. Escrevemos esta carta movidos por grande amor à Igreja Universal, e à nossa Igreja de Lisboa, e cientes da grande responsabilidade que como leigos também temos no destino desta, em particular conscientes da permissão canónica dada aos leigos de «expor aos Pastores da Igreja as suas necessidades, sobretudo espirituais, e os seus anseios» e do «direito e mesmo por vezes [d]o dever, de manifestar aos sagrados Pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja». Escrevemos, por isso, com filial devoção ao Senhor Patriarca, aos seus Bispos Auxiliares, ao Cabido e Presbiterado da Diocese, e com fraterna caridade para com todos os nossos irmãos em Cristo Jesus.

O Sínodo decorre sob o mote «O sonho missionário de chegar a todos», retirado da exortação apostólica Evangelii Gaudium do Santro Padre, o Papa Francisco. É certamente louvável e cristão sonhar com a verdadeira catolicidade da Igreja, isto é, que a Santa Madre, Nossa Mãe, tenha no seu seio todos os homens à face da Terra. Mas mais ainda, corresponde à esperança cristã a ideia certa de converter toda a Terra, mandada por Jesus quando disse aos discípulos «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19). Por isso, bem entendido, o sonho missionário de chegar a todos é o desejo sincero de dar a conhecer a todos Cristo, para que se salvem.

Assim se há de «escutar o mundo e olhar a Igreja» (DT, I.). Escutar o mundo para auscultar as suas necessidades, os seus gritos de desespero pela distância face a Deus e pela ignorância da invencível misericórdia que é a conversão à vida da graça. Jesus avisou-nos que no mundo haverá tribulações (Jo 16, 33), daí almejarmos o Céu e sermos peregrinos na Terra, exilados enquanto não chegamos à Jerusalém celeste. É por isso fundamental que fique em tudo sempre claro que «os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo». Haverá então que escutar o mundo para o resgatar para Cristo, e não para nos mundanizarmos. Foi aliás este estar no mundo sem ser do mundo que permitiu aos Cristãos, ao longo dos séculos, conviver com todas as culturas e tradições, instaurando tudo em Cristo.

Esse grupo de peregrinos é, de facto, a Igreja numa das suas manifestações clássicas, de Igreja Militante. Não se pode, portanto, olhar a Igreja sem esquecer a Igreja Triunfante que por nós vela no Céu, e a Igreja Padecente que conta com os nosso méritos e intercessão para abreviar o tempo de purga. As três Igrejas – se assim se pode dizer – são no conjunto o Corpo de Jesus, do qual Cristo é a cabeça. Somos por isso constantemente convidados a tornar visível esse Corpo através de uma unidade real, com a Verdade como cabeça, que expresse uma própria catolicidade, unidade que não se há de verificar apenas no agora, mas que contempla unidade com todo o passado eclesial e com o futuro. Destarte, não podemos chamar-nos Igreja Corpo de Cristo se formos uma comunidade irreconhecível para os nossos antepassados, e que julga possível tornar--se irreconhecível aos futuros cristãos. 

É por isso fundamental que pulse neste Corpo uma identidade eficaz em fazer reconhecer, aos cristãos, que comungam todos da mesma Fé. Tal nunca foi problemático para a Igreja: a Tradição, unida ao Magistério e à Escritura, sempre foi a forma privilegiada de garantir sem dúvidas que os cristãos trilham o mesmo caminho que foi trilhado pelos seus antepassados, numa cadeia cronologicamente referenciada a’O Caminho, como de Si próprio disse ser Cristo. Parece-nos por isso de grande relevância que o Sínodo contemple qual o valor dado hoje à Tradição na nossa diocese.

Estamos em crer que o alheamento da Tradição provocou as reconhecidas, entre os fiéis, «debilidades quanto à sua iniciação à oração e à vida sacramental» ou «dificuldades em passar da catequese de infância a uma opção de vida cristã assumida e amadurecida; fragilidades em comunicar a alegre experiência do seguimento de Cristo» (DT, §17). A Tradição da Igreja é rica em formas de enraizar hábitos de oração, como o Santo Rosário, e em criar uma rica vida sacramental, pela activa e devota participação na Santa Missa. Com efeito, a experiência tem provado que é necessário incrementar uma activa adesão espiritual aos Mistérios Sagrados, que ultrapassa em muito a actividade física dos leigos envolvidos na Eucaristia, e que propõe a cada vez maior identificação com Cristo.

Outrossim, a Tradição da Igreja contém um manancial de doutrina formadora e conformadora da alma. Apoiando-nos no projecto patriarcal de conferir a Crisma na idade púbere, convém que a administração deste sacramento signifique uma verdadeira idade adulta da alma. Ora, como tal, a catequese tem de ser o móbil desse amadurecimento, pelo que será bom ponderar até onde é útil manter um estilo catequético infantil e que priva as crianças e jovens das verdades da Fé.

É por isso incompreensível que soluções testadas para problemas de sempre sejam negligenciadas, e por isso pedimos ao Venerando Sínodo que tenha em devida conta o valor da Tradição na vida da Igreja.

Em particular, não nos podemos esquecer da espiritualidade litúrgica que formou tantos santos e incontáveis gerações de cristãos, a qual o Papa Emérito Bento XVI restaurou ao seu devido lugar pelo Motu Proprio Summorum Pontificum (2007), que está ainda longe de realizar na nossa diocese. Em toda a Europa se tem assistido a um revitalizar da devoção eucarística e da frequência dos sacramentos, aliadas a um compromisso efectivo com a vida da graça e concretizadas em copiosos frutos de famílias santas e vocações abundantes, pelo convívio das duas formas do Rito Romano. 

Assim, gostaríamos de propor ao Sínodo que considerasse a possibilidade de, generosamente, concretizar os desejos do Papa Emérito, especialmente aos Domingos, o dia do Senhor. É especialmente relevante que, numa diocese com a vastidão geográfica do Patriarcado, a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano possa estar disponível em algumas igrejas facilmente acessíveis pelos fiéis, e em horários que respeitem os ritmos próprios da vida familiar, de trabalho e de estudo.

Mais ainda, julgamos crucial escutar os apelos do Santo Padre Francisco, e tornar o sacramento da confissão mais disponível em toda a diocese, ministrado por sacerdotes com recta formação moral e humana, e com provada vida espiritual, que sejam imagem de Cristo, Rei de Misericórdia.

Finalmente, é importante salientar que apenas construindo a ponte entre o que sempre foi a Igreja, na sua liturgia, na doutrina entregue aos e pelos apóstolos e transmitida pela sucessão do depósito da fé, e na moral, podemos fazer Cristo reinar no coração de todos. Assim, poderemos actualizar a Igreja naquilo que ela sempre foi. Como diz o DT, «Só encontrando-se com a verdade do que é e tem sido a sua ação poderá esta “porção do Povo de Deus” encetar os caminhos novos que os desafios atuais lhe pedem e a que o Espírito de Deus a quer conduzir».

Asseguramos todos os que participam no Sínodo das nossas constantes orações pelos bons frutos.


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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

sábado, 25 de novembro de 2017

Milícias cristãs na Síria veneram Nossa Senhora do Perpétuo Socorro



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S. Tomás de Aquino, a vida em Sociedade e os deveres do Rei

Os seres humanos agrupam-­se para que juntos vivam bem, algo que cada um isoladamente não poderia conseguir. Ora, a boa vida é aquela segundo a virtude. A vida virtuosa é, portanto, o fim em virtude do qual os seres humanos passam a viver conjuntamente. Isso é comprovado pelo facto de que somente aqueles que se auxiliam mutuamente no bem viver são participantes da colectividade. 

Caso os seres humanos se associassem unicamente para o viver, os animais também integrariam a comunidade civil. Se a associação fosse apenas para a obtenção de riquezas, todos os comerciantes pertenceriam a uma única cidade. Agora, vemos que somente podem ser computados numa mesma colectividade aqueles que sob as mesmas leis e governo são dirigidos ao bem viver.

Entretanto, ao viver de acordo com a virtude, o ser humano é ordenado a um fim superior, que consiste na fruição divina, como acima mostramos. Ora, é preciso que o fim para a colectividade seja o mesmo que para o indivíduo. Portanto, o fim da colectividade não pode ser o viver de acordo com a virtude, mas, através da vida virtuosa, alcançar a fruição divina. 

Ora, dado que o fim da vida que aqui bem vivemos é a beatitude celeste, então pertence ao dever do Rei buscar as coisas necessárias à boa vida da colectividade e que estão de acordo com a beatitude celeste. Assim, ele deve, dentro do possível, incentivar o que conduz à beatitude celeste e proibir o contrário.

São Tomás de Aquino in 'De Regno' (Civitas Editions, 2010)


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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Mais de 50 mil seguem a página Senza Pagare

E eis que ultrapassámos os 50 mil likes/gostos/curtidas no facebook! Para quem não conhece, a página é esta: https://www.facebook.com/senzapagare

Agradecemos a todos os nossos seguidores por todo o carinho que demonstram em relação ao nosso trabalho (sim, o Senza dá trabalho) e especialmente por rezarem por nós. Contem também com as nossas orações e com o nosso trabalho constante nesta página para que amemos Deus acima de todas as coisas e, por causa d'Ele, aos outros como a nós mesmos. 

 Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Milagre: Bispo português fala sobre Liturgia

Estamos habituados a que os nossos amados Bispos se pronunciem contra o aquecimento global, contra o desemprego, contra a pobreza, contra a crise económica, contra a banca, contra os empresários e em relação a todo o mainstream das causas sociais, mas muito dificilmente ouvimos qualquer mensagem sobre a glória que deve ser dada a Deus e a importância da salvação das almas, que afinal de contas são as duas missões primeiras da Igreja Católica. 

Não que as causas sociais não sejam importantes, mas de vez em quando fazia-nos bem que os nossos amados Bispos nos ensinassem também a importância da saúde da alma (confissão regular), a vida de oração (diária e a obrigação da Missa Dominical), vida de penitência (que Nossa Senhora pediu em Fátima há 100 anos), entre outras coisas com que os Bispos se ocuparam a falar aos fiéis ao longo dos séculos.

Parêntesis para referir uma honrosa excepção de seu nome D. Nuno Brás, que se pronuncia sobre vários temas que os outros Bispos calam. Não nos esquecemos que D. Nuno foi o único Bispo português a denunciar a viagem da freira "contemplativa" Teresa Forcades a Portugal para apresentar o seu livro 'A Teologia Feminista na História', que conta com o prefácio do Pe. Tolentino Mendonça. Convém mencionar que a Irmã Forcades defende publicamente o aborto, o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, o sacerdócio feminino entre outras ideias incompatíveis com a doutrina da Igreja.

Voltando ao tema, quem ousou afrontar o tema da Liturgia foi D. Manuel Linda, Bispo das Forças Armadas. O texto encontra-se na revista da inevitável Agência Ecclesia (que se deu ao luxo de usar uma fotografia nossa sem permissão) e refere-se do seguinte modo à Missa Tradicional celebrada pelo Cardeal Burke no Santuário de Fátima:

"(...)uma notória involução, a um evidente revanchismo, a um comovedor conservadorismo que está a grassar por determinadas franjas da Igreja e cuja expressão mais patética aconteceu, há dias, onde seria mais imprevisível.

Latins e latinórios, rendinhas e rendilhados, vénias e salamaleques, por si sós, nem aquecem nem arrefecem. Mas a celebração a que me reporto terá feito mais mal à Igreja do que muitas conjuras subterrâneas ou certas orquestrações noticiosas. 

É que, enquanto nós os que nos esforçamos por caminhar «com Pedro e sob Pedro», falamos em «descer» ao nível dos fiéis, em Igreja como hospital de campanha, lama agarrada aos sapatos para percorrer os caminhos do mundo, cheiro das ovelhas, princípio da misericórdia, casa do acolhimento e do lava-pés…, andam por aí uns pavões de cauda armada que, invocando a mesma Igreja, só conhecem a linguagem dos gestos barrocos e bacocos, os rituais mais esotéricos e uma indumentária de circo composta por capas magnas estapafúrdias, caudatários e vimpas, cáligas e alamares, luvas e chirotecoes, ouro e diamantes. Tudo para maior honra e glória… deles. Que não de Nosso Senhor Jesus Cristo."

Se alguém considerar que esta forma de um Bispo falar de um Cardeal é incorrecta pode enviar um email para a Nunciatura Apostólica: nuntius@nunciatura.pt . 


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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Será o Celibato uma vida de repressão sexual?

Recentemente, um "ex-Padre" Católico apareceu no programa da Oprah para defender a sua escolha de deixar o seu ministério para se casar. Este padre combateu o seu desejo por esta mulher durante vários anos e finalmente decidiu que as suas únicas opções eram casar-se com ela ou reprimir os seus desejos sexuais. De facto, como anunciou à audiência internacional, a “repressão” é a única escolha para quem permanece celibatário.

Será isto verdade? Será que as nossas únicas opções no que diz respeito ao desejo sexual são “ceder” ou “reprimir”? De certeza que para um mundo dominado pela luxúria sexual, o celibato vitalício parece absurdo. A atitude geral do mundo em relação ao celibato Cristão pode resumir-se a isto: “Olhem, o casamento é a única hipótese “legítima” que vocês, os Cristãos, têm de satisfazer os vossos desejos sexuais. Porque diabo haviam de desperdiçar isso? Iriam condenar-se a uma vida de repressão sem esperança.”

A diferença entre casamento e celibato, no entanto, nunca deve ser entendida como a diferença entre ter uma saída legítima para o desejo sexual por um lado e ter de o reprimir por outro. Cristo chama todos – independentemente da sua vocação particular – à experiência da redenção pelo domínio da concupiscência. Apenas nesta perspectiva é que as vocações cristãs (casamento e celibato) fazem sentido. Ambas as vocações – se forem vividas como Cristo pretende – decorrem da mesma experiência da redenção da sexualidade.

Em primeiro lugar, o casamento não é uma saída legítima para satisfazer os desejos sexuais. Como o Papa João Paulo II uma vez realçou, os esposos podem cometer “adultério no coração” um com o outro se se tratam um ao outro apenas como um escape para a auto-gratificação. Sei que é um cliché mas porque é que tantas mulheres se queixam de dores de cabeça quando os seus maridos querem sexo? Será porque se sentem usadas em vez de amadas? É a isto que a luxúria conduz: à utilização das pessoas, não a amá-las.

A libertação do domínio da concupiscência – essa desordem dos afectos causada pelo pecado original – é essencial, ensina-nos João Paulo II, se queremos viver as nossas vidas “na verdade” e experimentar o plano divino para o amor humano. De facto, o ethos sexual cristão “está sempre associado… com a libertação do coração do domínio da concupiscência”. E essa libertação é igualmente essencial para os que vivem o celibato consagrado, os solteiros ou os casados. 

É precisamente essa liberdade que nos permite descobrir o que João Paulo II chamou a “pureza amadurecida”. Na pureza amadurecida “O homem apercebe-se dos frutos da vitória sobre a concupiscência”. Esta vitória é gradual e certamente permanece frágil aqui na terra, mas não deixa de ser real. Para os que são agraciados com os seus frutos, um mundo novo abre-se – uma nova forma de ver, pensar, viver, falar, amar, rezar. 

O acto conjugal torna-se uma experiência de contacto com o sagrado, impregnada de graça, em vez de uma grosseira satisfação do instinto. E o celibato cristão torna-se uma forma libertadora de viver a sexualidade como “um dom total de si” por Cristo e pela Sua Igreja.

João Paulo II observou que o celibatário tem de submeter “a tendência para o pecado da sua humanidade aos poderes que fluem do mistério da redenção do corpo… tal como qualquer outra pessoa faz”. É por esta razão, indica ele, que a vocação ao celibato não é apenas uma questão de formação, mas de transformação. A pessoa que vive esta transformação não está dominada pela necessidade de ceder aos seus desejos. Está livre com o que João Paulo II chamou a “liberdade do dom”. Isto significa que os desejos não controlam a pessoa; mas é a pessoa que controla os seus desejos.

Resumindo, a verdadeira liberdade sexual não é a liberdade de ceder às compulsões, mas liberdade da compulsão de ceder. Apenas uma pessoa com essa liberdade é capaz de fazer de si um dom livre no amor… tanto no casamento, como numa vida de devoção consagrada a Cristo e à Igreja. Porque a pessoa que é livre desta forma, sacrificando a expressão genital da sua sexualidade por um bem tão grande como as Núpcias Eternas de Cristo com a Igreja, não só se torna uma possibilidade, mas até bastante atraente.

Christopher West


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A vida e martírio de Santa Cecília, padroeira dos músicos



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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Ordenações Sacerdotais na Fraternidade de São Pedro

A Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP), um Instituto que celebra exclusivamente o Rito Tradicional, pode contar com novos sacerdotes nas suas fileiras. A ordenação foi feita na Alemanha pelo Arcebispo de Vaduz (Liechtenstein), Mons. Wolfgang Haas. Louvado seja Deus!










Para ver o resto das fotografias: Ordenações FSSP


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Director da Faculdade de Teologia chama "Espectáculo Tartufiano" à Missa celebrada pelo Cardeal Burke em Fátima

O Reitor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, o franciscano Pe. João Lourenço, resolveu insultar o Cardeal Burke e a Missa que celebrou em Fátima chamando-lhe "Espectáculo Tartufiano", um termo bastante ofensivo (pelo menos para quem sabe o que significa). Isto aconteceu no programa televisivo da Agência Ecclesia, órgão de comunicação da Conferência Episcopal Portuguesa.

O Pe. João Lourenço junta-se à lista de sacerdotes portugueses que se deram ao trabalho de atacar o Cardeal Burke depois da sua recente visita a Portugal. A Missa Tradicional celebrada pelo Cardeal no Santuário de Fátima (Basílica da Santíssima Trindade) criou várias reacções negativas, especialmente por parte do clero, apesar de estar consagrada na Lei da Igreja.

Resta saber onde estavam todos estes críticos quando o altar da Capelinha do Santuário de Fátima foi profanado com um ritual hindu. Ou por que não denunciam também os escandalosos abusos litúrgicos que acontecem todos os Domingos (para não dizer diariamente) em tantas paróquias portuguesas. Seria interessante saber que adjectivo poderia ser usado para esses tristes espectáculos. Tartufiano já não dá...


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domingo, 19 de novembro de 2017

"Pedro está aqui"

Fui rezar a um cemitério. Demorei-me junto do lugar onde estão sepultados alguns amigos e recordei muitos outros. Percorrendo aqueles caminhos, reparei nos jazigos, alinhados como numa cidade, pequenos ou grandes, piedosos ou indiferentes, e rezei por uma imensa multidão que só Deus conhece. Quanto sofrimento, quanto amor generoso, quanta alegria, quantos sonhos, quantos fracassos, quantas surpresas... assim é a vida humana.

Há cemitérios curiosos. Recordo ter visitado um cemitério em Edimburgo (os autóctones pronunciam «Edimbôrao») com apelidos invulgares que passaram para os personagens do «Harry Potter»: lá está a origem do Prof. Aberforth Dumbledore e de um cortejo de outros. Curiosidades!...

Ontem mesmo, num cemitério de Lisboa, li inscrições profundas e frases superficiais. Por exemplo, uns pais declararam-se «inconsoláveis» e, ao fim de muitas décadas, já mortos os pais, os filhos e os netos, a inscrição, em letras exuberantes, ligeiramente gastas pelos anos, continua a gritar aquela «dor inconsolável». Chamou-me a atenção um jazigo desprovido de referências a Deus, de um barão – não reparei no nome –, cuja legenda era «trabalha ainda que morras». Doeu-me a inconsistência da frase, própria de uma vida sem sentido, e rezei por ele. Pode ter sido bom homem, quem sabe o drama que o levou a gravar na pedra uma ideia tão absurda?

Por todo o mundo há cemitérios, mas há uns, em Roma, absolutamente únicos. O costume das civilizações pagãs era cremar os corpos e por isso só guardavam cinzas. A excepção eram os judeus, e depois os cristãos, que preferiam sepultar o corpo, como manifestação de fé na ressurreição. 

Em Roma, o cruzamento desta devoção com a singularidade da geologia local produziu as catacumbas. O terreno de Roma é um tufo, homogéneo, consistente, fácil de escavar. Por isso, à falta de espaço disponível à superfície, os cristãos enterraram os seus mortos escavando. Cada enterro alongava um pouco mais a galeria e assim se formaram quilómetros de corredores subterrâneos, com tumbas de ambos os lados. A oração pelos mortos habitou de vida aquela rede enorme, por baixo da cidade. Ao chegar junto de mártires, o corredor alargava-se para acolher uma assembleia maior na Eucaristia. Quem for a Roma não perca a oportunidade de mergulhar no subsolo e percorrer uns quilómetros nestas galerias de oração.

No entanto, o mais extraordinário cemitério romano começou ao ar livre. Começou como um cemitério pagão, na colina vaticana, perto de um parque de jogos. No ano 64 depois de Cristo, um incêndio devastou Roma, um temporal no Adriático afundou toda a esquadra e ocorreram outras desgraças. Perante o descontentamento geral, o imperador Nero arranjou uma solução: os culpados eram os cristãos! Não que eles ateassem fogos, ou soprassem ventos ciclónicos, o mal eram eles mesmos, eles eram o mau-olhado que atraía desgraças; se fossem mortos, acabavam-se as epidemias e os cataclismos. 

A matança que devia limpar Roma do mau-olhado ocorreu no aniversário do próprio Nero, no ano 67. As corridas de cavalos, os banquetes, a variedade dos jogos, atingiram um luxo e um sadismo fora do comum. À noite, as alamedas iluminaram-se com os corpos de cristãos a arderem como tochas. Foi nesta festa que S. Pedro, o primeiro Papa, foi crucificado de cabeça para baixo e depois sepultado na vertente da colina. Nos dias seguintes, continuaram a morrer cristãos, à medida que os apanhavam. S. Paulo morreu decapitado nesse mesmo ano.

Entretanto, o pequeno túmulo de Pedro, foi sendo cuidado. Um pequeno muro, para conter a terra, depois, um alpendre apoiado em duas colunas... Passados dois séculos e meio, o imperador Constantino converteu-se e decidiu erguer uma basílica sobre a pequena sepultura. Fechou o cemitério e fez um aterro na vertente da colina, para criar uma plataforma em que pudesse assentar o edifício. O local era muito inclinado, mas Constantino queria a igreja ali, com o altar por cima da sepultura de Pedro. 

Os séculos trouxerem inovações, mas todos os altares posteriores se mantiveram fiéis àquela linha vertical, uns por cima dos outros. Chegaram ao século XX notícias detalhadas das construções que estavam por baixo, mas ninguém as via. Decidiu-se, assim, escavar um túnel a partir da base da antiga colina, para descobrir o que estava por baixo do aterro de Constantino e de todas as construções edificadas sobre ele. 

Os trabalhos coincidiram com a segunda guerra mundial e prolongaram-se até 1965. Encontrou-se tudo conforme diziam os documentos antigos e, no sítio preciso, num jazigo muito pobre, mas envoltos em púrpura dourada, os ossos de um homem robusto, de idade avançada. Por cima, em grego, «Pedro está aqui» e louvores a Cristo, à Santíssima Trindade, a Nossa Senhora. Garanto: o percurso por baixo de terra, através do antigo cemitério romano, até à tumba de Pedro, é uma experiência inesquecível. 

José Maria C.S. André in Correio dos Açores


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sábado, 18 de novembro de 2017

Não é possível ver estas imagens e ser a favor do aborto livre

Estas imagens espantosas foram registradas pelo fotógrafo Lennart Nilsson em 1965. Convém relembrar que em 1965 o aborto era ilegal em quase todos os países do Mundo. Não obstante estas evidências que a vida humana começa na concepção os governantes iníquos legalizaram, e continuam a legalizar, o maior genocídio de todos os tempos: o aborto.

Uma semana depois da concepção, o embrião viaja pelas trompas em direcção ao útero

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Depois de mais uma semana, o embrião fixa-se nas paredes do útero

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O embrião com 22 dias. A área cinzenta será o cérebro da criança

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No 18º dia, o coração começa a bater.

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28 dias após a fecundação

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Com 5 semanas, o feto tem 9 milímetros. A boca e os olhos começam a ser formados.

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Feto com 40 dias. A placenta começa a tomar forma.

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Feto com 8 semanas.

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Agora o feto tem 10 semanas. As pálpebras estão quase formadas.

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Com dez semanas, o feto já mexe as mãos para testar os movimentos

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Feto com 16 semanas.

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As veias são visíveis através da pele

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Com 18 semanas, o feto já é capaz de ouvir sons externos.

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Unhas surgem às 19 semanas

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20 semanas. O feto agora tem 20 centímetros. Os cabelos começam a crescer.

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24 semanas

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6 meses

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36 semanas. Daqui a um mês, o bebê irá nascer.

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adaptado de Awebic


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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Comungar na mão não é um direito, é um indulto



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Padre Kentenich sobre o sacrifício da Missa

[O Cristão] consagra um amor especial ao Santíssimo Sacramento do altar, porque ali Jesus nos manifesta palpavelmente o seu amor e no-lo recorda com evidência a cada instante. A sagrada Eucaristia significa para ele a "vingança de um Deus moribundo!" Enquanto os homens se propõem matar o Filho de Deus, ele instituiu o sacramento do amor, a fim de permanecer sempre com eles, como sacrifício, como manjar e como amigo.

Vida e amor do cristão giram, principalmente, em torno do altar do sacrifício. A Santa Missa é o centro, o ponto de partida e convergência de toda a sua jornada diária. Para ele, a Santa Missa é o maior acontecimento do dia e o seu desejo mais ardente é converter a missa diária numa missa vivida. Não descansa até que a sua tarefa quotidiana se transforme numa continuação e acabamento da Santa Missa, com o seu ofertório, consagração e comunhão que se renovam sem cessar. Com grande intensidade ressoa nos seus ouvidos a palavra de São Paulo: "Mortem Domine annunciabitis..." Sempre que celebrardes ou comungardes anunciareis a morte do Senhor! 

Durante a Missa, ele é misteriosamente pregado, com Cristo, na sua cruz. E durante o dia aproveita todas as ocasiões para mostrar-se digno desta graça. Compreende as palavras que com frequência ouvimos dos primeiros cristãos: "Do altar à arena!" A sua arena é o trabalho quotidiano que procura realizar com a máxima perfeição. Não conhece angústias e cuidados desnecessários em relação ao passado e ao futuro. O passado já está sepultado no seio da misericórdia divina. 

Todos os seus cuidados e actividades são consagrados somente às vinte e quatro horas presentes, coroadas pela participação na Santa Missa. "De sacrificio in sacrificium" - De sacrifício em sacrifício! - é o lema. Pensa e vive somente de uma Missa a outra Missa. Bastam-lhe as preocupações e dificuldades de um dia, mas também as graças que lhe são concedidas diariamente com o sacrifício da Missa. 

Carrega a sua cruz apenas por um dia. Cumpre fielmente os seus deveres e procura ser forte, corajoso e alegre, somente no espaço de um dia. Amanhã recolherá novas graças no manancial que brota ao pé do altar. Nenhuma preocupação angustiosa o perturba, já que o seu pensamento e a sua vontade giram constantemente em Cristo e com Cristo, em torno do Pai. Não o molestam inquietudes e aflições por sua própria insuficiência, pois o Pai o contempla com grande amor, por causa de Jesus a quem está intimamente unido.

As ondas de pessimismo não o deprimem tanto, pois todos os dias é novamente incorporado, não só em Cristo padecente e agonizante, mas também em Cristo transfigurado que, com os seus anjos e santos, passa triunfalmente, vencendo as misérias deste mundo, louvando e glorificando ao Pai. Nesta perspectiva ele aprende a ver e a julgar com os olhos de Cristo os acontecimentos do tempo e do mundo.

A Santa Missa para ele não consiste apenas no Ofertório e Consagração, mas igualmente, na sagrada Comunhão. Por isso mantém-se firme no princípio: nenhuma Missa sem comunhão!

Também durante o dia procura visitar o seu Amigo divino presente no tabernáculo. Sente-se perfeitamente compreendido por Ele. Este Amigo ocupa-se com os seus interesses e o conduz mais seguramente ao Pai.

in Espiritualidade Laical de Schoenstatt


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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Entrevista do Cardeal Burke sobre os "dubia" um ano depois da sua publicação

O Cardeal Raymond Burke dirige um último pedido ao Papa Francisco para que esclareça as dúvidas, dizendo que a situação está cada vez pior, e afirmando a urgência que o Papa confirme os seus irmãos na Fé.

P. – Vossa Eminência, em que ponto estamos desde que, faz esta semana um ano, os “dubia” foram tornados públicos por Vossa Eminência, pelo Cardeal Walter Brandmüller, e pelos dois Cardeais recentemente falecidos, Carlo Caffarra e Joachim Meisner?

R. – Um ano depois da publicação dos “dubia” a respeito de “Amoris Laetitia”, que não receberam qualquer resposta por parte do Santo Padre, observamos que é cada vez maior a confusão acerca da interpretação da Exortação Apostólica. Torna-se por isso mais urgente ainda a minha preocupação pela situação da Igreja e pela sua missão no mundo. Naturalmente, continuo em contacto regular com o Cardeal Walter Brandmüller acerca destes assuntos de extrema gravidade. Ambos permanecemos em profunda unidade com os saudosos Cardeais Joachim Meisner e Carlo Cafarra, que nos deixaram nos últimos meses. É assim que de novo reitero a gravidade desta situação que se tem vindo a agravar continuamente.

P. – Muito se tem dito acerca dos perigos inerentes à natureza ambígua do Capítulo 8 de “Amoris Laetitia”, sublinhando-se como dá azo a interpretações diversas. Porque é que a clareza é tão importante?

R. – A clareza no ensinamento não implica de todo qualquer rigidez que pudesse impedir as pessoas de caminhar; bem pelo contrário, já que é precisamente essa clareza que vem trazer a luz necessária para se poder acompanhar as famílias a seguirem o caminho próprio dos discípulos de Cristo. É ao invés a obscuridade, e ela somente, que, impedindo que se enxergue o caminho, vem prejudicar a acção evangelizadora da Igreja, como nos diz Jesus: “Vem a noite, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9, 4).

P. – Poderia explicar algo mais, à luz dos “dubia”, acerca do que se está a acontecer na presente situação?

R. – A presente situação, longe de diminuir a importância dos “dubia” ou perguntas, torna-os ainda mais prementes. Não se trata de todo, como houve quem dissesse, de uma “ignorantia affectata”, que levanta dúvidas por não se querer aceitar um determinado ensinamento. Do que se trata nos dubia é sim, em vez disso, de determinar com precisão o que o Papa quis ensinar como sucessor de Pedro. 

Assim, as perguntas nascem precisamente do próprio reconhecimento daquele ofício petrino que o Papa Francisco recebeu de Nosso Senhor para confirmar na fé os seus irmãos, que é a sua finalidade. O Magistério é um dom de Deus à Igreja, para que faça clareza sobre pontos relativos ao depósito da fé. Afirmações em que falte essa mesma clareza, pela sua própria natureza, não podem ser qualificadas como expressões do Magistério.

P. – Do ponto de vista de Vossa Eminência, porque é que se torna tão perigoso que haja interpretações divergentes de “Amoris Laetitia”, em especial no que toca ao tratamento pastoral a dispensar a quantos vivam numa união irregular, e mais particularmente, no que diz respeito aos divorciados civilmente “recasados” que não vivem em perfeita continência e à questão de estes poderem ou não receber a Sagrada Eucaristia?

R. – É hoje evidente que foram sendo propostas várias interpretações, divergentes e até mesmo incompatíveis entre si, para certas indicações contidas em “Amoris Laetitia” e relativas a aspectos essenciais da fé e da prática da vida cristã. Este facto incontestável confirma que tais indicações aí contidas são ambivalentes e permitem diversas leituras, muitas das quais em contraposição com a doutrina católica. 

Assim sendo, as questões que nós Cardeais levantámos dizem respeito a saber o que foi exactamente que o Santo Padre ensinou e de que modo o seu ensinamento se harmoniza com o depósito da fé, dado que o magistério “não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado” (Concílio Vaticano II, Constituição dogmática “Dei Verbum”, n. 10).

P. – Não será que o Papa já não deixou claro qual seja a sua posição por meio da carta que endereçou a alguns bispos argentinos, na qual afirmou que “não há outra interpretação” senão a das linhas directrizes promulgadas por esses bispos – linhas directrizes essas que deixaram aberta a possibilidade de conviventes sexualmente activos não casados receberem a comunhão?

R. – Ao contrário do que foi dito entretanto, não podemos considerar como resposta adequada às questões levantadas a carta escrita pelo Papa pouco antes de receber os “dubia”, dirigida aos bispos da região de Buenos Aires e versando sobre as linhas directrizes estabelecidas por estes prelados. Por um lado, tais linhas directrizes podem elas próprias ser interpretadas de maneiras diferentes; e, por outro, não fica claro que a carta em questão seja um texto magisterial, mediante o qual o Papa tenha querido falar à Igreja universal enquanto sucessor de Pedro. 

O facto de que essa carta se tenha tornado conhecida porque houve uma fuga de informação para a imprensa – só depois tendo sido tornada pública pela Santa Sé – levanta uma dúvida razoável sobre se o Santo Padre teria a intenção de a dirigir à Igreja universal. Além do mais, seria bastante estranho – e contrário ao desejo manifestado explicitamente pelo Papa Francisco de deixar aos bispos de cada país a aplicação concreta de “Amoris Laetitia” (cf. AL, n. 3) – que agora o Papa viesse impor a toda a Igreja universal aquelas que são apenas as directivas concretas de uma pequena região. 

A ser assim, não deveriam porventura passar a considerar-se inválidas as diversas disposições promulgadas por vários bispos para as suas dioceses, desde Filadélfia até Malta? Um ensinamento que não é suficientemente determinado, seja quanto à respectiva autoridade como quanto ao seu efectivo conteúdo, não pode pôr em dúvida a clareza do ensinamento constante da Igreja, que, aliás, qualquer que seja o caso, permanece sempre normativo.

P. – Também está preocupado pelo facto de que certas conferências episcopais, ao permitirem que alguns divorciados “recasados” e que vivam “more uxorio” (isto é, que continuem a manter relações sexuais) possam receber a Sagrada Eucaristia sem um firme propósito de emenda, elas estejam com isso a contradizer o precedente ensinamento papal, em particular o contido na exortação apostólica  “Familiaris consortio”, do Papa São João Paulo II?

R. – Sim, os “dubia”, as nossas questões continuam em aberto. Quantos afirmam que disciplina ensinada por “Familiaris consortio” n. 84 mudou, mostram-se em oposição entre si logo que se trata de explicar as razões e as consequências. Alguns há que chegam ao ponto de defender que os divorciados com uma nova união e que continuam a viver “more uxorio” não se encontrariam num estado objectivo de pecado mortal (citando em seu apoio AL n. 303); outros negam esta interpretação (citando em seu apoio AL n. 305), e no entanto, deixam depois completamente entregue ao juízo da consciência a determinação dos critérios de acesso aos sacramentos. Parece pois que o objectivo dos intérpretes seja aquele de se chegar a todo o custo a uma mudança da disciplina, sem importar os argumentos que para tal fim se aduzam, e sem ter em consideração o quanto põem em perigo pontos essenciais do depósito da fé.

P. – Que efeito tangível tem tido esta mistura de interpretações?

R. – Tamanha confusão hermenêutica já produziu, de facto, um triste resultado. Verificamos que a ambiguidade a respeito de um ponto concreto da pastoral familiar conduziu alguns a propor uma mudança de paradigma acerca de toda a prática moral da Igreja, cujos fundamentos foram ensinados com autoridade por São João Paulo II na encíclica “Veritatis splendor”.

A verdade é que se activou um processo de subversão de partes essenciais da Tradição. No que toca à moral cristã, alguns sustentam que é necessário relativizar as normas morais absolutas e que se deve dar à consciência subjectiva, a uma consciência auto-referencial, um primado – em última análise equívoco –  em matéria de moral. Por conseguinte, o que aqui está em jogo não é um elemento tão-só secundário do “kerygma”, da mensagem fundamental do Evangelho. 

Do que estamos a falar é de saber se sim ou não, o encontro de uma pessoa com Cristo pode, por meio da graça de Deus, configurar o caminho da vida cristã, de modo a que este possa estar de acordo com o plano sapiente do Criador. Para melhor se compreender o alcance das mudanças que assim se propõem, basta pensar no que aconteceria se esse raciocínio viesse a ser aplicado a outros casos, como o do médico que pratica abortos, o do político que está ligado a uma rede de corrupção ou o de alguém que, estando em sofrimento, decida recorrer a uma modalidade de suicídio assistido…

P. – Alguns disseram que o efeito mais pernicioso é que tudo isto representa não só um ataque ao ensinamento moral da Igreja, mas também aos Sacramentos. De que modo?

R. – Para além do debate em torno da moral, está a provocar-se na Igreja uma erosão cada vez mais evidente do significado da sua prática sacramental, especialmente no que toca à Penitência e à Eucaristia. O critério decisivo para a admissão aos sacramentos sempre foi o da coerência do modo como uma pessoa vive com os ensinamentos de Jesus. Se agora, em vez disso, o critério decisivo passasse a ser a ausência de culpabilidade subjectiva das pessoas – como o fazem alguns dos intérpretes de “Amoris Laetitia” – não se estaria com isso a mudar também a própria natureza dos sacramentos? 

De facto, estes não são encontros privados com Deus nem meios sociológicos de integração comunitária. São sim sinais visíveis e eficazes da nossa incorporação em Cristo e na Sua Igreja, pelos quais e nos quais a Igreja professa publicamente a sua fé e a realiza. Assim, em se assumindo a culpabilidade subjectiva diminuída de uma pessoa ou a ausência de tal culpabilidade como critério decisivo para a admissão aos sacramentos, estar-se-ia a pôr em perigo a própria “regula fidei”, a regra da fé, que os sacramentos proclamam e realizam, não somente por meio de palavras mas também com gestos visíveis. Mais: como poderia a Igreja continuar a ser sacramento universal de salvação, se se esvaziasse de conteúdo o significado próprio dos sacramentos?

P. – Apesar de Vossa Eminência e muitos outros, incluindo mais de 250 académicos e sacerdotes que emitiram uma “correcção filial”, terem claramente sérias apreensões e reservas acerca dos efeitos destas passagens de Amoris Laetitia, e porque, até ao presente, não obteve ainda qualquer resposta por parte do Santo Padre, pode-se dizer que está aqui a dirigir-lhe um último apelo?

R. – Sim, por estas graves razões, um ano depois de se ter tornado públicos os “dubia”, de novo me dirijo ao Santo Padre e a toda a Igreja, sublinhando vigorosamente o quanto é urgente que o Papa, exercendo o ministério que recebeu do Senhor, confirme os seus irmãos na fé, com uma manifestação clara da doutrina atinente tanto à moral cristã como ao significado da prática sacramental da Igreja.

Sandro Magister in Settimo Cielo


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