segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Este testemunho sobre os mártires do Japão dá-nos coragem

Quando as cruzes foram levantadas, foi coisa admirável ver a constância de todos, à qual eram exortados pelo Padre Passos e pelo Padre Rodrigues. O Padre comissário permaneceu sempre de pé, sem se mexer e com os olhos fixos no céu. O Irmão Martinho cantava salmos de acção de graças à bondade divina e juntava-lhes o versículo "Nas tuas mãos, Senhor". Também o irmão Francisco Branco dava graças a Deus com voz clara. O irmão Gonçalo recitava em voz alta o «Pai Nosso» e a «Avé Maria». 

O nosso Irmão Paulo Miki, vendo-se elevado diante de todos a uma tribuna como nunca tivera, começou por afirmar aos circunstantes que era japonês e pertencia à Companhia de Jesus, que ia morrer por haver anunciado o Evangelho, e que dava graças a Deus por lhe conceder tão elevado benefício. E por fim disse estas palavras: 

«Agora que cheguei a este ponto extremo da minha vida, nenhum de vós há-de acreditar que eu queira esconder a verdade. Declaro-vos portanto que não há outro caminho para a salvação do que aquele que possuem os cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar aos inimigos e a todos os que me ofenderam, eu livremente perdoo ao imperador e a todos os autores da minha morte e peço a todos que se baptizem». 

Então, voltando os olhos para os companheiros, começou a animá-los. Nos rostos de todos transparecia uma grande alegria, mas Luís era aquele em que isso se via de modo mais claro: quando outro cristão o animou gritando que em breve estaria com ele no paraíso, fez com as mãos e todo o corpo um gesto tão cheio de contentamento que os olhos de todos os presentes se fixaram nele. 

António estava ao lado de Luís, com os olhos fitos no céu. Depois de invocar o Santíssimo Nome de Jesus e de Maria, entoou o salmo "Louvai o Senhor, servos do Senhor", que tinha aprendido em Nagasaki no catecismo; é que no catecismo costumam ensinar alguns salmos às crianças. 

Alguns repetiam com rosto sereno: «Jesus, Maria»; outros exortavam os presentes a levarem uma vida digna de cristãos; e por estas e outras acções semelhantes demonstravam que estavam prontos para a morte. 

Então os quatro carrascos começaram a tirar as espadas daquelas bainhas que costumam usar os japoneses. Ao verem o seu aspecto terrível todos os fiéis gritaram «Jesus, Maria», e soltaram um grito de tristeza que chegou ao céu. E os carrascos, com dois golpes, em pouco tempo os mataram a todos.

Da História do martírio de São Paulo Miki e seus companheiros, escrita por um autor do tempo (Cap. 14, 109-110: Acta Sanctorum Fev. 1, 769) 


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Concordo perfeitamente, com o Título do texto apresentado.
A certeza de estarem a "breves" instantes de entrar no Paraíso, deve ter funcionado como um "elixir", para aqueles Santos mártires. Porém, receio bem a morte lenta...aquela que nos é provocada por toda a confusão e desequilíbrio Social, que, a toda a hora, entra, através das Notícias, pelas nossas casas adentro, destruindo-nos.
Vemos o mundo em GRANDE CONVULSÃO a todos os níveis: incêndios, catástrofes naturais, guerra, fome, injustiças para com os mais débeis, atentados...que nos roubam a paz e, mesmo sabendo que, para já, tudo parece muito longe, sofremos por nada podermos fazer, tendo a certeza, de que também chegará a nossa vez! E-- para quem acredita na Palavra de Deus-- sabe-se que tudo isto são as tais dores a que Jesus Se refere, relativamente ao Final dos Tempos...só que ninguém é capaz de descodificar em que ponto da DESGRAÇA nos encontramos! Logo, se tudo o que está a acontecer é, somente, o princípio, como serão, o meio e o fim?!
Que Deus nos Abençoe e nos dê a Sua FORÇA e a Sua Paz, porque tenho muito, mas muito medo, de não ser capaz de aguentar. Não que perca a Fé, mas desanime e já nem consiga rezar...pois, apesar de saber que o Homem é o causador de TUDO, por causa do seu afastamento de Deus, gostaria que Ele interviesse rapidamente e Se Manifestasse em favor dos oprimidos e indefesos!