sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Veruska: um milagre que viveu 29 anos

Anos 60. Rafaela e Danilo Bertoldo são um casal feliz. Casam-se muito jovens. Ele é bastante criativo e desde sempre trabalha no mundo da moda, ela é um doce e de uma beleza extraordinária. Amam-se muito. Nasce a sua primeira filha, Lara. Depois de alguns anos Rafaela espera a segunda filha, Veruska, quando descobre que tem uma infecção chamada toxoplasmose.

Num dia brilhante para a família Bertoldo, Raffaella dá à luz a uma menina doente com toxoplasmose macrocefálica. A sua vida muda, a criança é imediatamente internada na enfermaria pediátrica de Pádua. Veruska sofre de uma doença rara, que é estudada, e a a sua pequena vida escreve por si só um testemunho extraordinário de amor, de paz e de fé.

Contra todas as probabilidades da medicina do tempo (a história remonta a 43 anos atrás) ninguém dá mais do que três anos de vida a Veruska: o amor de uma Mãe que se dedica à filha e de um pai que a cuida dela todas as noites, permitem que Veruska viva 29 anos, dando assim o testemunho de que o amor é mais poderoso do que qualquer medicamento.

“Quando nasceu a menina disseram-me que estava gravemente enferma. A nossa vida mudou completamente. Ela era o terceiro caso destes em Pádua. Imediatamente chamou a atenção dos entendidos que, à época se perguntavam precisamente o que poderia ser feito para aliviar a pressão no crânio.”

“Ela foi operada umas três vezes, continua a Mãe. Embora não pudesse caminhar nem falar, a sua presença permitiu-nos experimentar a vida como um dom. Depois do nascimento de Veruska, a nossa vida tornou-se a medida de uma criança, ela foi a experiência mais importante da nossa vida. Desde que lhe deram alta e estudaram o seu caso, centenas de crianças foram salvas.”

“Veruska foi o terceiro caso de toxoplasmose – disse o pai Danilo – e foi o único que foi salvo. As outras crianças tinham morrido logo após o nascimento. Ainda vivo hoje da recordação do que a vida extraordinária da minha filha me deu: a sua presença, a sua vida que continuava a fluir na doçura, me lembrava a cada dia que a existência de cada ser humano é extraordinária e irrepetível.”

“A nossa filha foi um presente para nós, ela é um milagre. Estar ao lado dela, tê-la amado profundamente, fez da sua existência uma presença viva que nem mesmo a morte conseguiu dissipar. Ela vive connosco, a sua presença nos recorda cada dia o grande compromisso do ser humano que deve amar sem limites todos os dias. A vida é um dom, agradecemos a Deus por tê-la tido tão perto, porque nos fez experimentar o Seu amor e a Sua graça.”

A Mãe de Rafaela testemunha que “viver ao seu lado foi uma experiência extraordinária; uma eterna criança que, os nossos cuidados, e também tê-la amado muitíssimo, fez com que não lhe aparecessem feridas. Até os médicos ficaram surpresos de como a nossa criança conseguisse levar aquela vida. O amor de uma mãe é mais forte e supera qualquer doença. Chorei muito quando soube que ela estava gravemente doente, ainda assim servi e doei a minha juventude para a minha criança, a única ajuda foi Deus, invoquei-o para que apoiasse e ajudasse a minha criança a não experimentar a dor.”

Os médicos haviam dito a Rafaela que a sua filha sofria dores excruciantes, por causa da doença, e então a Mãe acariciava-a para acalmar as crises. “A todas as mães que passam por um sofrimento assim tão grande, aconselho que fiquem ao lado das suas crianças, elas são um dom, é preciso acolhê-las e amá-las”, diz Rafaella.

“Sinto muito a falta da minha criança – continua – mas sabemos que todos os dias nos dá a força para seguir em frente, apesar das dores da sua ausência. Há 12 anos partiu, mas nós nunca paramos de pensar nela e de procurar a sua presença na nossa vida. Até aquele momento nunca fizemos a experiência da dor e do sofrimento: a sua existência fez-nos compreender o que significa entrar no coração de Deus.”

“Também eu, nesta fase da minha vida, passo por um período de sofrimento físico, mas a presença da minha filha continua a iluminar a minha vida e a de todos aqueles que a conheceram. O sofrimento é um mistério, o único modo de superar o sofrimento e a morte é o amor e a fé. Sei que é muito pesado aceitar a doença de um filho, é um grande sofrimento, muitos pais rejeitam aceitar a dor, eu também fiz isso mas descobri que existe um grande mundo de amor, de alegria e de paz”.

De acordo com Rafaela, “o sofrimento das crianças incentiva-nos a dar muito, a dar-nos totalmente, sem pensar no pior, apreciando a presença destes milagres que acontecem na nossa vida.”.

“As crianças que sofrem são a presença viva de Cristo, são um sinal da sua paixão e do seu amor, são uma luz que nos sacode e nos chama a comprometer-nos a amar e a sorrir, porque a vida sem amor é vazia.”

Maria Luisa Spinello in Zenit


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