segunda-feira, 11 de julho de 2016

Fernando Santos - A Fé por trás da Vitória

Portugal venceu o EURO 2016
PARABÉNS !

Foi um mês cheio de sofrimentos e alegrias, mas chegámos ao fim com uma vitória que faz todo o mundo tremer diante de Portugal.

O mérito é da Selecção Nacional, da equipa da Federação Portuguesa nos bastidores e do seleccionador Fernando Santos. Fernando Santos foi dos poucos que acreditou nesta vitória desde o princípio, contra tudo e contra todos. Disse ele há 22 dias:
"Só vou dia 11 para Portugal e (...) vou ser recebido em festa".

Fé e Conversão

É impressionante a forma como Fernando Santos se tem comportado - exibindo uma grande unidade de vida. Ao longo dos seus comentários à imprensa desde o início do Euro, Fernando Santos falou várias vezes da sua Fé. Não é segredo que Fernando Santos é Católico, mas é especialmente bom vê-lo a integrar a Fé no seu trabalho.

A maior parte dos portugueses também se identificam com "ser católico", mas vivem quase uma vida dupla, separando a Fé das outras realidades da vida. Mas Fernando Santos é um Católico com letra grande. Isto não faz dele um Santo (apesar do apelido), mas inscreve-o na lista daqueles que querem ser Santos e se esforçam por ir para o Céu. Lemos um exemplo da seriedade da sua Fé numa entrevista que deu ao Expresso em Novembro de 2015:
Há pouco, disse que o António Fidalgo era seu afilhado de casamento. É padrinho de muita gente?
Sou, embora cada vez menos. O padrinho é a figura mais importante do batismo, além do batizado. É ele quem assume a responsabilidade de educar as crianças na fé. Agora, só o sou se tiver a certeza da parte dos pais de que querem que os seus filhos cresçam na fé.
Por este e por outros testemunhos que deu, percebemos que a Fé de Fernando Santos é a Fé da Igreja. Alguém que acredite apenas em algumas verdades de Fé está apenas a acreditar naquilo que lhe apetece, em si mesmo. Ao acreditar em toda a Fé Católica, a pessoa está a ser humilde e a aceitar totalmente aquilo que Deus quis revelar aos homens, através da Igreja. A maior parte dos Cristãos deviam ser assim. Em Novembro de 2015 Fernando Santos contou como começou a história da sua conversão. Numa reportagem feita pela Renascença, lemos:
[Fernando Santos] casou pela Igreja, baptizou os filhos, mas sem nunca voltar a uma vida de católico praticante. Até que, por altura da preparação da filha para o Crisma, começou a ficar “inquietado” e sentiu “necessidade de perceber um bocadinho melhor o que estava a acontecer” à filha. Na mesma altura, calhou dar boleia a um padre a quem pediu para ter uma conversa. A conversa aconteceu, o padre deu-lhe um livro – “A Fé Explicada” – e Fernando Santos começou a ir à missa com a mulher. Mas ainda faltava alguma coisa. “Via toda a gente a ir lá à frente, toda a gente ia comer e eu não ia”, contou. E, mais uma vez, teve de ir conversar com o padre. E a conversa tornou-se confissão.
Devoção e Eucaristia

A sua Fé foi amadurecendo. Nesta mesma reportagem da Renascença lemos:
Hoje assim continua para o agora seleccionador, que continua a aprofundar a fé, a ir à missa e a rezar. De preferência frente ao Santíssimo Sacramento. “O lugar onde fico mais à vontade para falar com Ele é no sacrário porque Ele está ali”, afirma Fernando Santos, que todos os dias pede a Deus que “aumente a fé, a esperança e a caridade” em si e na sua casa.
Sta. Teresinha do Menino Jesus dizia que se as pessoas verdadeiramente soubessem o que se passava na Missa, que o próprio Deus desce aos altares, então teria que haver polícia para controlar as entradas nas igrejas, por tanta afluência. Por saber isto, Fernando Santos não se satisfaz com a Missa de Domingo, e sempre que pode vai à Missa diária. Leiam mais na entrevista ao Expresso:
Ainda é um homem de fé? 
Ainda? Ainda? Sempre. Sou um homem de muita fé. Não se perde a fé. 
E continua a ir à missa aos domingos? 
Sim, e aos dias de semana, quando posso, também. 
Nunca se atrasou para um treino por causa de uma missa? 
Não, se tenho um jogo à tarde, vou à missa às sete da manhã. Só não vai à missa quem não quer. Podemos conciliar tudo na vida. 
Encontrou igrejas católicas na Grécia? 
A primeira coisa que fiz, quando cheguei, foi procurar uma. Ficava a dez minutos de minha casa. 
Reza todas as noites? 
E todas as manhãs, quando acordo. É a primeira coisa que faço. E quando me deito também. Se eu ofereço o meu dia a Deus, tenho de agradecer-Lhe à noite. 
Mas essa fé que tem foi algo que lhe foi transmitido pelos seus pais? 
Não. Sou cristão desde o meu batismo, a 16 de janeiro de 1955. Depois, o meu percurso é igual ao teu ou ao de qualquer outro: fiz a Primeira Comunhão, o Crisma e, entretanto, desapareci. É verdade que casei pela Igreja e batizei os meus filhos, porque a semente estava lá, depois podia ou não brotar. Até que, em 1994, percebi que Cristo está vivo, uma realidade distante daquela que eu percebia. 
Porquê? 
Porque eu acredito que Ele ressuscitou. Porque ser cristão não é mais nem menos do que ter a certeza que Cristo ressuscitou. São Paulo diz isso de uma forma bastante clara: se não ressuscitou, a nossa fé é vã. Portanto, está vivo. É tão simples quanto isso, nós é que o tornamos complicado. Acredito na ressurreição, que a vida é uma passagem, algo que não acaba, que a morte não existe. Ele está no meio de nós, em todo o lado.
Como é que quer ser recordado?
Quero ser lembrado como bom pai, como bom filho, como bom marido, como bom amigo...
 
 A Fé no EURO 2016

Quem não tem fé diz que tudo isto foi por acaso. Mas engana-se. Para os Cristãos não existem acasos. Quem esteve atento à selecção portuguesa desde o início do Euro pôde ver os vários pormenores.

Nos dias entre os jogos, Fernando Santos escolhia a dedo um jogador para ir dar uma conferência de imprensa. Estou certo de que a acompanhar essa escolha havia um bom briefing por trás, com muitos conselhos sobre como responder aos jornalistas. Lembro-me da última conferência antes da final, em que João Mário demonstrou uma serenidade fora do normal. Além disso desprezou as vozes que apontavam a França como favorita, mas com toda a educação e respeito pela selecção Francesa. João Mário dizia com toda a sinceridade, sem ironia, que era normal que a França também quisesse ser campeã e se sentisse favorita.

O herói do jogo de ontem foi, sem dúvida nenhuma, Éder. O jogador em quem ninguém acreditava acelerou com a bola e marcou o golo da vitória. Foram gritos de alegria por todo o mundo português. Mas o surpreendente foi a sua humildade ao ser entrevistado pelos jornalistas. Em vez de falar de si, Éder insistiu em dar o mérito aos adeptos que apoiavam a equipa no estádio, à equipa toda, aos conselhos do capitão Ronaldo e à escolha de Fernando Santos. Fernando Santos acreditou em Éder ao pô-lo em campo, também contra tudo e contra todos.

O desejo de sucesso, de vencer, é um desejo próprio do Cristianismo. Sabemos que viemos a esta terra para lutar e só luta quem quer vencer. Isto é ainda mais claro quando vemos a certeza que Fernando Santos tinha da vitória. Ontem diante dos jornalistas, a seguir à vitória, Fernando Santos revelou uma carta que tinha escrito no início do Euro, onde agradecia a vitória a várias pessoas.

Na sua entrevista, João Mário também referiu o quão importante foi para os jogadores durante todo o Euro terem chegado ao hotel em França e encontrado nos quartos fotografias das suas famílias. Terá sido também um pedido de Fernando Santos à Federação Portuguesa? Nesta carta de agradecimentos, que Fernando Santos leu ontem, disse:
"O meu desejo pessoal é ir para casa, dar um beijo do tamanho do mundo à minha mãe, mulher, filhos, ao meu neto, ao meu genro e minha nora e ao meu pai, que, junto de Deus, está seguramente a celebrar. A todos os amigos, um abraço muito apertado de obrigado pelo apoio, mas principalmente pela amizade."
Mas no final, Fernando Santos agradeceu a vitória a Jesus e a Nossa Senhora:
"Por último, mas em primeiro, quero ir falar com o meu maior Amigo e Sua Mãe, dedicar-Lhe esta conquista e agradecer por me ter convocado e agradecer por me ter concedido o dom da sabedoria, da perseverança e humildade para guiar esta equipa, com Ele a ter-me iluminado e guiado. Porque tudo o que espero e desejo seja para Glória de Seu nome."
Nuno CB


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