terça-feira, 30 de setembro de 2014

Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima no IPO de Lisboa

Queridos Amigos,

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima estará de visita ao IPO de Lisboa durante todo o mês de Outubro, uma graça muito especial que nos chega pela iniciativa da mãe de uma das crianças. É a primeira vez que uma das imagens está durante um mês inteiro numa instituição.

Estão todos convidados a fazer companhia a Nossa Senhora e a levarem quem quiserem, em qualquer dia, a qualquer hora, na capela do IPO no 7º andar do edifício central. 

Os doentes que não possam ir até à capela poderão receber a visita de Nossa Senhora nas suas camas, se assim o desejarem. Para que a Imagem lhes seja levada, podem e devem pedi-lo, seja na capelania, a mim, à Emília ou à Carla (deixo abaixo os contactos). Se conhecerem alguém que esteja internado durante este tempo, peço-vos que partilhem esta informação para que a Imagem chegue ao maior número de doentes possível.

Será representado o monólogo "Lúcia, uma oração", por Maria José Paschoal, no anfiteatro do IPO, em data que divulgarei depois. A entrada é livre e aberta a todos. Garanto-vos que é imperdível. 

Estão abertas inscrições para se rezar o Terço junto de Nossa Senhora durante todo o mês.

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora chegará à capela do IPO no dia 1 de Outubro, às 16h, e será celebrada Missa às 17h.

Venham dar-Lhe as boas-vindas!

Espero que aproveitem esta benção do Céu.

Joana

Carla - 937373024
Emília - 966778149
Joana - 916299767


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Papa Francisco e a interpretação da Bíblia

No dia de S. Jerónimo, que traduziu a Sagrada Escritura para Latim, vale a pena recordar um comentário do Papa Francisco sobre a interpretação da Bíblia:
Porque tudo o que se refere à interpretação da Sagrada Escritura está submetido, em última instância, à Igreja, que tem o mandato e o ministério divino de conservar e de interpretar a palavra de Deus. [...] A interpretação das Sagradas Escrituras não pode ser somente um trabalho científico individual, mas sempre deve ser confrontada, inserida e autenticada com a tradição viva da Igreja. Esta norma é decisiva para precisar a relação correta e recíproca entre a exegese e o Magistério da Igreja. Os textos inspirados por Deus foram confiados à Comunidade dos crentes, à Igreja de Cristo, para alimentar a fé e guiar a vida da caridade”
 – Papa Francisco, obviamente repetindo a Doutrina Católica tradicional sobre o assuntoin “Papa Francesco alla Pontificia Commissione Biblica, 12 Abril 2013

in deuslovult.org



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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Caminhar pela vida - D. Nuno Brás

Dia 4 de Outubro, às 15:00, no Largo Camões em Lisboa, “Caminhada pela Vida 2014”. Objectivo: protestar contra as leis iníquas que atacam vidas inocentes e destroem a família, mas sobretudo testemunhar a alegria do dom da vida.

“A alegria do dom da vida”: esse é o segredo, e essa é a descoberta que nem todos, infelizmente, têm a possibilidade de fazer…

É que muitas vezes levam-nos a confundir a alegria com a gargalhada e a distração, senão mesmo com a inconsciência. Basta ver um pouco daquilo que é a Lisboa nocturna do fim de semana – e damo-nos conta dela quando, na manhã seguinte, acordamos e saímos antes dos carros do lixo passarem, e vemos no chão os copos e garrafas, senão mesmo alguém que por ali ficou, não por ter falta de tecto mas simplesmente porque não foi capaz de se erguer para regressar. E dizem que isso é fruto da alegria de viver…

Incapazes de enfrentar a vida com as dificuldades e sofrimentos que ela sempre traz, procuramos tantas vezes esquecer, voltar-lhe as costas, viver num mundo que alguém ou nós próprios imaginámos, criámos, numas horas de inconsciência vazia.

Isto para já não falar de tantos outros dramas que quase parecem não ter solução. E não terão nunca, enquanto aquele que os vive não descobrir que a vida é um dom, uma realidade que nos foi dada; melhor: uma realidade que nos é dada em cada momento que passa. Perceber que Deus não se limitou a criar-nos num qualquer dia longínquo, mas que, mesmo no meio do sofrimento, o seu amor por nós é eterno e concreto, infinito.

É essa vida que nos é dada, cheia de sentido a ser descoberto e partilhado – sentido para nós, para os outros e com todos – que vale a pena ser vivida, bem vivida até ao fim. Num caminho cada dia mais intenso. É por ela e nela que vale a pena caminhar.

in Voz da Verdade


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domingo, 28 de setembro de 2014

Carta do Papa sobre a Beatificação de D. Álvaro del Portillo

Carta do Papa Francisco a Mons. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, por ocasião da beatificação de Álvaro del Portillo
Querido irmão:
A beatificação do servo de Deus Álvaro del Portillo, fiel colaborador e primeiro sucessor de São Josemaria Escrivá à frente do Opus Dei, representa um momento de especial alegria para todos os fiéis dessa Prelazia, bem como para ti, que durante tanto tempo foste testemunha do seu amor a Deus e aos demais, da sua fidelidade à Igreja e à sua vocação. Eu também desejo unir-me à vossa alegria e dar graças a Deus que embeleza o rosto da Igreja com a santidade dos seus filhos.
A sua beatificação terá lugar em Madri, cidade em que nasceu e na qual transcorreu sua infância e juventude, com uma existência forjada na simplicidade da vida familiar, na amizade e no serviço aos outros, como quando percorria os bairros para ajudar na formação humana e cristã de tantas pessoas necessitadas. E nessa cidade teve lugar sobretudo o acontecimento que selou definitivamente o rumo da sua vida: o encontro com São Josemaria Escrivá, de quem aprendeu a enamorar-se cada dia mais de Cristo. Sim, enamorar-se de Cristo. Este é o caminho de santidade que todo cristão deve percorrer: deixar-se amar pelo Senhor, abrir o coração ao seu amor e permitir que seja Ele quem dirija a nossa vida.
Gosto de recordar a jaculatória que o servo de Deus costumava repetir com frequência, especialmente nas comemorações e nos aniversários pessoais: “obrigado, perdão, ajuda-me mais!”. São palavras que nos aproximam da realidade da sua vida interior e do seu trato com o Senhor, e que também podem ajudar-nos a nós a dar um novo impulso à nossa própria vida cristã.
Em primeiro lugar, obrigado. É a reação imediata e espontânea que a alma sente perante a bondade de Deus. Não poderia ser de outro modo pois Ele sempre nos precede. Por muito que nos esforcemos, seu amor chega sempre antes, nos toca e acaricia primeiro, nos antecede sempre. Álvaro del Portillo era consciente dos muitos dons que Deus lhe concedeu, e dava graças a Deus por essa manifestação de amor paterno. Mas não ficou nisso; o reconhecimento do amor do Senhor despertou no seu coração desejos de segui-lo com maior entrega e generosidade, e de viver uma vida de humilde serviço aos demais. Destacava-se especialmente o seu amor à Igreja, esposa de Cristo, à qual serviu com um coração despojado de interesses mundanos, longe da discórdia, acolhedor para com todos e buscando sempre o lado positivo nos demais, o que une, o que constrói. Nunca uma queixa ou crítica, nem sequer nos momentos especialmente difíceis, quando, como aprendeu de São Josemaria, respondia sempre com a oração, o perdão, a compreensão, a caridade sincera.
Perdão. Frequentemente manifestava que se via diante de Deus com as mãos vazias, incapaz de corresponder a tanta generosidade. Mas a confissão da pobreza humana não é fruto da desesperança, mas de um confiado abandono em Deus, que é Pai. É abrir-se à sua misericórdia, ao seu amor capaz de regenerar a nossa vida. Um amor que não nos humilha, nem nos afunda no abismo da culpa, mas que nos abraça, nos levanta da nossa prostração e nos faz caminhar com mais determinação e alegria. O servo de Deus Álvaro sabia da necessidade que temos da misericórdia divina e dedicou muitas energias pessoais para animar as pessoas com quem se relacionava a se aproximarem do sacramento da confissão, sacramento da alegria. Como é importante sentir a ternura do amor de Deus e descobrir que ainda há tempo para amar.
Ajuda-me mais. Sim, o Senhor não nos abandona nunca, sempre está ao nosso lado, caminha conosco e cada dia espera de nós um novo amor. A sua graça não nos faltará, e com a sua ajuda podemos levar o seu nome ao mundo inteiro. No coração do novo beato pulsava o afã de levar a Boa Nova a todos os corações. Por isso percorreu muitos países fomentando projetos de evangelização, sem reparar nas dificuldades, movido pelo seu amor a Deus e aos irmãos. Quem está muito unido a Deus sabe estar muito perto dos homens. A primeira condição para lhes anunciar a Cristo é amá-los, porque Cristo já os ama antes. É preciso sair dos nossos egoísmos e comodidades e ir ao encontro dos nossos irmãos. É ali que o Senhor nos espera. Não podemos ficar com a fé só para nós mesmos, é um dom que recebemos para doar e compartilhar com os demais.
Obrigado, perdão, ajuda-me! Nessas palavras expressa-se a tensão de uma existência centrada em Deus. De alguém que foi tocado pelo maior Amor e vive totalmente desse amor. De alguém que, mesmo experimentando as suas fraquezas e limitações humanas, confia na misericórdia do Senhor e quer que todos os homens, seus irmãos, também a experimentem.
Querido irmão, o beato Álvaro del Portillo envia-nos uma mensagem muito clara, diz-nos que confiemos no Senhor, que Ele é nosso irmão, nosso amigo que nunca nos decepciona e que sempre está ao nosso lado. Anima-nos a não termos medo de ir contra a corrente e de sofrer por anunciar ao Evangelho. Além disso, nos ensina que na simplicidade e cotidianidade da nossa vida podemos encontrar um caminho seguro de santidade.
Peço, por favor, a todos os fiéis da Prelazia, sacerdotes e leigos, bem como a todos os que participam das suas actividades, que rezem por mim, ao mesmo tempo que lhes envio a Benção Apostólica.
Que Jesus os abençoe e que a Virgem Santa os proteja.
Fraternalmente,
Franciscus
in opusdei.pt


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D. Álvaro del Portillo foi beatificado em Madrid





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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Alguns testemunhos sobre D. Álvaro del Portillo

S. João Paulo II: foi um exemplo de fortaleza, de confiança na providência divina e de fidelidade à Sede de Pedro (Telegrama para o Vigário Geral do Opus Dei, Cidade do Vaticano 23-III-1994).
Papa Francisco: Foi um sacerdote cheio de zelo, que soube conjugar uma intensa vida espiritual fundada sobre a fiel adesão à rocha que é Cristo, com um generoso empenho apostólico que o converteu em peregrino pelos cinco continentes, seguindo os passos de S. Josemaria, merecedor da frase bíblica do livro dos Provébios: “Vir fidelis multum laudabitur” (Telegrama ao Prelado do Opus Dei, Roma, Cidade do Vaticano, 12-III-2014)
Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé: Recordo a modéstia e a disponibilidade em qualquer circunstância que caracterizaram o trabalho de D. Álvaro del Portillo como consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, instituição que, de modo singular, ajudou a enriquecer com a sua competência e experiência, como pude comprovar pessoalmente (Carta ao Vigário Geral do Opus Dei, Cidade do Vaticano 25-III-1994).

Irmã Teresa Margaridacarmelita descalça: conheci-o nuns exercícios espirituais que ele dirigiu para jovens em 1945 no Colégio das Carmelitas da Caridade em Vigo. Desde o primeiro momento impressionou-me o seu porte distinto, o recolhimento, a profunda humildade, que destacava muito, e a simplicidade. Era ao mesmo tempo muito amável e acolhedor, acolhia com bondade (Carta ao Prelado do Opus Dei, Sabaris 20-VI-1997).
Cardeal Maurice Otunga, arcebispo emérito de Nairobi: Eu fui testemunha da solicitude de D. Álvaro pelo apostolado da Igreja no Quénia, e da sua generosidade para com os nossos sacerdotes e seminaristas quenianos, que foram acolhidos no Ateneu Pontifício da Santa Cruz e no Seminário internacional «Sedes Sapientiae», criados por ele, assim como eu comprovei a sua caridade, gentileza e disponibilidade para com os bispos que procuravam a sua ajuda (Carta ao Prelado do Opus Dei, Nairobi 24-VII-1998).
D. Ramón Búa, bispo de Calahorra e La Calzada‑Logroño: Encontrei nele um irmão e um bispo de excepcional categoria humana e eclesial (Relação testemunhal, Logroño 13-I-1996).

Cardeal Joszef Glemp, arcebispo de Varsóvia (1981-2006) e primaz da Polónia (1981-2009): Ele era um homem com pontos de vista claros, cheio de serenidade interior e ao mesmo tempo repleto de bondade e carinho. Era amável e direto, mas ao mesmo tempo conservava a gravidade de um homem de Igreja (Relação testemunhal, Varsóvia 7-IX-1995).
Joaquin Navarro Valls, porta-voz da Santa Sé, 1984-2006: Deixa atrás de si essa marca indelével patente nos homens de Deus que desenvolveram em silêncio uma tarefa imponente para o bem dos outros (ABC, Madrid, 25-III- 1994).
Ombretta Fumagalli Carulli, deputada no parlamento italiano: Eu sempre admirei a dignidade e a sensatez com que reagiu perante polémicas contra o Opus Dei artificialmente promovidas por ambientes laicistas e, infelizmente, às vezes também por ambientes católicos (Romana, X, 1994, p. 55).
Cardeal Joseph Bernardin, arcebispo de Chicago: Recordo com gratidão as orações e o apoio que me deu quando circularam acusações injustas contra a minha pessoa(Romana, X, 1994, p 53.).
Cardeal Vicente Enrique y Tarancón, arcebispo emérito de Madrid: Nós trabalhamos juntos, tanto no Concílio como no reconhecimento do Direito Canónico. Era um homem muito inteligente, muito hábil e muito boa pessoa (ABC, Madrid, 24-III-1994).
P. John O'Connoragostiniano: Ao advertir a sua presença amiga e discreta ao lado da figura dinâmica de Escrivá, vinha-me ao pensamento a modéstia de S. José. Creio que vai ser recordado gratamente pela humildade e fidelidade com que transportou a chama do idealismo espiritual acesa pelo fundador do Opus Dei (Position Paper, Dublin, VI/VII-1994).
Cardeal Camillo Ruini, vigário do Papa para a diocese de Roma: Não esquecerei o afeto de Don Álvaro, quando vinha ver-me no Vicariato. Sempre deixava uma recordação e um testemunho da sua dedicação a Cristo (Discurso no encerramento do processo diocesano sobre as virtudes de Álvaro del Portillo, Roma 26 de junho de 2008).
Cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Colónia: Um grande cristão, um grande sacerdote e um modelo de bispo, caraterizado por uma fé vivíssima na providência de Deus (Romana, X, 1994, p 53.).
D. Luigi Conti, Núncio nas Honduras: D. Álvaro del Portillo foi um homem apaixonado pelo serviço aos homens. A sua vida sempre foi governada por uma exigente disciplina espiritual, por um elevado sentido do dever, por uma laboriosidade intensa e incansável, por uma dedicação e abnegação plena à causa de Cristo, da Igreja e da Obra (Fides, Tegucigalpa, 1-IV-1995).
D. Stanislaus Lo-Kuang, Arcebispo Emérito de Taiwan: Quando veio a Taiwan, convidei-o para almoçar em Fujen University. D. Álvaro del Portillo foi muito sincero, muito humilde, extremamente simples e transparente. Não havia nele traços de presunção ou afetação. Tinha um grande zelo apostólico. Compreendia as nossas dificuldades e mostrava uma imensa caridade. Eu estimo muito, de verdade, a sua amizade (Relação testemunhal, Taipei III-1999).
Alejandro Llano, escritor, filósofo: era a síntese viva de duas culturas: a humanística e a técnica. Foi uma grande figura intelectual e universitária (La Vanguardia, de Barcelona, 24-III-1994).
Cardeal Ángel Suquía, arcebispo de Madrid 1983-1994: Era um homem essencialmente bom, afável na conversa, muito prudente, muito alegre e alentador. Não me lembro de alguma vez ter acabado um encontro com ele sem ficar com mais alegria do que a que tinha antes (ABC, Madrid, 24-III-1994).
Vittorio Messori, escritor e jornalista: Dava mais vontade de nos confessarmos com ele do que fazer-lhe perguntas. Notava-se que tinha sido engenheiro, perito em pontes e estradas. Atrás do hábito de bispo era perceptível um homem do mundo (Corriere della Sera, de Milão, 24-III-1994).
D. António María Rouco Varela, Arcebispo de Santiago de Compostela (hoje cardeal arcebispo de Madrid): desempenhou um papel fundamental na tomada de consciência dos leigos de que todos estão chamados a ser filhos de Deus: uma bela lição, uma tarefa urgente que este nosso irmão soube viver e procurou realizar e promover na Igreja através do Opus Dei (El Correo Gallego, Santiago de Compostela, 27-III-1994).
Madre María de Jesús Velardefundadora das Filhas de Santa Maria do Coração de Jesus: Álvaro del Portillo é, na minha opinião, a pessoa mais santa que conheci na minha longa vida de 88 anos. É uma declaración e ao mesmo tempo um canto de acção de graças a Deus, pelo imenso dom de me ter permitido conhecê-lo, sentir-me aconselhada, estimada e muito ajudada por ele (Testemunho pessoal, Madrid, 24-XI-2014).
Card. Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha: O encontro com Monsenhor Álvaro del Portillo foi edificante para o meu sacerdócio por dois motivos. Primeiro: a sua fidelidade e a sua lealdade ao Santo Padre, ao Papa. Segundo, a sua profunda humildade (Entrevista com Manuel de Teffé, Bolonha, 13-V-2013).
María Concepción Barros Carou, enfermeira: D. Álvaro era um exemplo de unidade de vida. Dava um sentido sobrenatural à doença. Estava habitualmente em presença de Deus. Animava os outros doentes a oferecer todo o sofrimento ao Senhor (Testemunho pessoal, 14-III-2014).
in opusdei.pt


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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O novo treinador da selecção nacional de futebol: Um homem de fé

Não o esconde, nunca o escondeu: Fernando Santos é católico praticante, cursista, e todas as semanas, no Porto, se reúne com os muitos que procuram pela fé a força e a paz interior para enfrentar o seu dia a dia.

Como é que Fernando Santos transpõe tudo isso, domingo a domingo, para um campo de futebol onde, naturalmente, é sempre preciso ganhar, vencer o opositor...

Fernando Santos: Isso não contradiz em nada as minhas convicções religiosas. Em nada, mesmo. Aliás, o Evangelho diz claramente que nós devemos procurar ser sempre melhores, o que não devemos é fazer isso na disputa com os outros, pisando-os, ultrapassando-os, usando quaisquer métodos ou meios para atingir os fins! E propõe-nos que sejamos na vida melhores cidadãos, melhores cristãos, melhores em termos de família, de pai, de filho. Ora, se nos propõe tudo isto, se nos pede sermos melhores cidadãos, impõe que respeitemos os direitos dos outros procurando, por meios naturais, ser também melhor, para ser um bom exemplo.

Nesse aspecto não me parece que a fé e a profissão colida nalguma coisa. A mim ajuda-me bastante porque me dá a paz interior - comigo e não só comigo - muito importante para a vida profissional.

Amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo no sentido de o respeitar, são mandamentos que procuro cumprir mesmo nesta minha profissão.

Mas isso não quer dizer que não queira ser o melhor ou que abdique de o ser.

Porque se benze quando chega ao banco?

Fernando Santos: Porque entrego o meu trabalho a Deus. Faço isso todos os dias logo que me levanto.

Superstição?

Fernando Santos: Não tem nada a ver com isso. Zero com a superstição. Todos os dias, de manhã, ofereço o meu dia a Deus e ponho nas mãos Dele todas essas horas.

Quando me deito, agradeço-lhe tudo o que me deu. E no entanto os meus dias não têm só coisas boas, também têm coisas más. Mas isso só me leva a agradecer mais, a dizer-Lhe obrigado por estar vivo, obrigado por estar acordado, obrigado por poder trabalhar, obrigado, se calhar, pelas chatices que me Deste. No jogo, é um momento muito importante da minha vida e, ao benzer-me, estou a oferecer a Deus aquelas minhas horas de trabalho, para louvar de Deus e não para meu louvor. Tal como quando acaba o jogo me volto a benzer para agradecer a Deus aquele meu trabalho.

in jornal Record (2-I-2000)


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Padre excomungado leva uma lição de Jô Soares

Padre Beto é um sacerdote que ficou famoso no Brasil depois de ter sido excomungado, em Abril de 2013. Foi entrevistado no programa do Jô Soares, e começou a debitar o discurso habitual contra a indumentária clerical, crendo que o seu entrevistador iria rapidamente concordar, mas acabou por levar com um balde de água fria...



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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que significa um beijo?

A verdadeira comunicação é muitas vezes mais difícil do que imaginamos, especialmente no que diz respeito a temas como sexo e romance.

Nos primeiros anos da universidade tive uma discussão com o meu amigo Ed. Eu dizia que ele não devia beijar uma mulher a não ser que estivesse aberto à possibilidade de se casar com ela. Atenção, não estava a dizer que teria de estar pronto para casar logo, apenas que deveria estar aberto à ideia e que, se o casamento com esta mulher em particular fosse uma perspectiva impossível ou impensável, então ele não devia estar a envolver-se desta maneira. O Ed nunca tinha ouvido ninguém dizer algo tão radical na vida e, naquela altura, achou a ideia absurda.

“Sou da Califórnia do Norte”, explicou, “e os jovens californianos têm uma compreensão sofisticada do sexo, por isso podemos envolver-nos em entretenimento sexual mútuo” (como ele lhe chamou), “sem que isso tenha implicações românticas”. Ele podia, explicou, “curtir” com “uma amiga” e seria “apenas diversão”. Nada mais.

É verdade que cada pessoa é diferente, mas mesmo assim eu não estava convencido.

Passadas algumas semanas o Ed trouxe um amigo até ao meu apartamento para repetir a discussão. “Ei, Smith”, disse ele, a rir-se, “diz ao Chris aquilo que me disseste a mim”.

E eu disse.

“É inacreditável”, respondeu o Chris. “É da Idade das Trevas. Eu sou da Califórnia do Sul”, disse ele (começava a notar um certo padrão), “e nós curtimos a toda a hora e não tem de significar nada”.

A Califórnia, ao que parece, tinha-se tornado a Terra do Beijo Insignificante.

Infelizmente para o Chris, estava acompanhado pela sua namorada. E embora ela tivesse ficado calada o tempo todo, passada uma semana acabaram. Quando, mais tarde, nos tornámos amigos e voltámos a falar daquela noite ela disse-me: “Estava sentada a ouvir e a pensar ‘O quê? Beijar não significa nada? Pois para mim significa!’”

Não é que o Chris fosse imoral. Simplesmente era novo e insensato e, claro, era da Califórnia. Deus sabe bem que eu não era mais “moral” do que ele, em termos de possuir as virtudes relevantes. Uma coisa é reconhecer que não sabemos comunicar efectivamente com mulheres sobre assuntos românticos, outra é aprender a fazê-lo sabiamente e bem. A esse respeito ainda tenho muito pouco a aconselhar aos jovens salvo isto: perseverem e rezem.

É precisamente porque sei que tão pouco sei sobre o que as mulheres pensam, que acho sempre estranho que outros homens presumam que sabem. O Chris presumiu saber o que a sua namorada queria; ele partiu do princípio, sem ter discutido o assunto com ela, que ela partilhava da sua atitude para com a relação física que tinham. O meio de onde ele vinha tinha-o convencido que toda a gente pensava da mesma maneira sobre a intimidade física. Pior, ele vinha de uma cultura que o tinha convencido que todas as mulheres encaram a intimidade física da maneira que certos homens gostariam que encarassem.

"Olha, dois bons amigos"

Se pensa que o que fazemos com o nosso corpo não tem qualquer significado intrínseco, então porque é que o sorriso é uma expressão universal de felicidade entre seres humanos? Não há um grupo na Terra que expresse a alegria com uma cara carrancuda. Até bebés recém-nascidos reagem positivamente perante um sorriso e choram quando vêem uma cara carrancuda. Os bebés até conseguem detectar a diferença entre um sorriso verdadeiro e um falso. Dizer que um beijo pode ser insignificante é como dizer que um sorriso não tem de significar que se está feliz. A questão é que, na verdade, normalmente é isso mesmo que significa. E as pessoas que nos vêem a sorrir têm boas razões para perguntar: “Porque é que estás tão contente?” Se nessa altura respondêssemos: “Porque é que um sorriso tem de significar que estou contente?”, achariam que eramos doidos.

De igual modo, a pessoa que andou a beijar não tem pelo menos uma boa razão para pensar que talvez tenha significado algo para si? Quando vemos duas pessoas a beijarem-se num filme o que é que pensamos: “Olha, dois bons amigos”? Não. Dizemos: “Ah, estão apaixonados”.

Dizer que um beijo não significa nada é tão insensato como tentar insistir que uma mulher que cozinha para nós todas as noites não está necessariamente interessada numa relação a longo prazo. Pensam que estou a brincar, mas conheci um rapaz que pensava isso. “Somos só amigos”, insistia. O facto de esta mulher estar a fazer-lhe o jantar todas as noites não lhe sugeria qualquer compromisso a longo-prazo, por isso partiu do princípio que para ela também não poderia querer dizer nada. Era como aquelas crianças que tapam os olhos com as mãos e dizem aos adultos à sua volta: “Não me conseguem ver”.

Jovens que estão a pensar em qualquer forma de intimidade física bem podem virar o bico ao prego e considerar não apenas o que eles pensam (ou presumem) que se está a passar, mas como é que a outra pessoa está a interpretar este acto físico. Estou a partir do princípio que o acto “não significa nada” porque é isso que quero, mas não necessariamente o que ela quer?

Vivemos num mundo pluralista e multi-cultural (ou pelo menos é isso que nos dizem), no qual é suposto os jovens serem sensíveis a outras culturas. E sabemos que certos gestos inocentes nos Estados Unidos podem ser interpretados de forma diferente, por exemplo, na Itália (não façam certos gestos com as mãos lá a não ser que queiram ter chatices). Por isso pessoas de boa vontade farão por ter cuidado.

Ter atenção aos sentimentos de outras pessoas e não partir do princípio que toda a gente interpreta um beijo como sendo “meramente para efeitos de entretenimento”, pode ser um bom começo no que diz respeito a lidar com o sexo oposto.

A não ser, claro, que queira ser um perfeito idiota.

Randall Smith in Actualidade Religiosa


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Papa Francisco disse que a doutrina sobre os "recasados" não pode mudar

O Bispo de Córdoba, D. Demetrio Fernandez, revelou que na visita ad limina dos bispos espanhóis estes perguntaram ao Santo Padre sobre a situação dos "recasados", se a doutrina iria mudar, se poderiam vir a comungar.

O Papa Francisco terá respondido que a doutrina não iria mudar, que uma pessoa divorciada que se volte a "casar" não pode aceder aos sacramentos. O Santo Padre explicou que "isso tinha sido estabelecido por Jesus Cristo e nem o Papa o pode mudar."

Esta informação poderá acabar com muita da especulação que tem sido feita sobre a possível mudança desta doutrina no Sínodo da Família, marcado para Outubro no Vaticano.

A entrevista (em espanhol) está aqui.



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domingo, 21 de setembro de 2014

Porquê tantos filhos?!

O comediante Jim Gaffigan tem 5 filhos. Eis como responde à pergunta "Porquê tantos?!":

"Bem, por que não? Considero que as razões contra ter mais filhos são superficiais e vazias. O que é que estou a perder? Dinheiro? Algumas horas de sono? Refeições mais sossegadas? Mais cabelo? 

Tudo isto não é nada a comparar com o que recebo destes 5 monstrinhos que dominam a minha vida. Acredito que cada um dos meus 5 filhos me fez um homem melhor. Calculo que só precise de mais 34 crianças para conseguir ser um bom tipo."



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S. João Paulo II e D. Álvaro del Portillo

(com legendas em português)



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sábado, 20 de setembro de 2014

Os doze apóstrofos




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Um cristão que não se preocupa com os outros?

Haverá coisa mais ridícula que um cristão que não se preocupa com os outros? Não tomes como pretexto a tua pobreza: a viúva que colocou duas moedas na caixa das esmolas do Templo (Mc 12,42) insurgir-se-ia contra ti; assim como Pedro, que dizia ao coxo: «Não tenho ouro nem prata» (Act 3,6); e Paulo, que era tão pobre que muitas vezes passava fome. Não recorras à tua condição social, pois os apóstolos também eram humildes e de baixa condição. Não invoques a tua ignorância, porque eles eram homens iletrados. 

Mesmo que fosses escravo ou fugitivo, poderias sempre fazer o que depende de ti. Foi o que sucedeu com Onésimo, que é elogiado por Paulo (Flm; Col 4,9). A tua saúde é frágil? Também a de Timóteo o era. Sim, independentemente do que somos, todos podemos ser úteis ao nosso próximo, se quisermos verdadeiramente fazer o que está dentro das nossas possibilidades. 

Vês como as árvores da floresta estão vigorosas, belas, elegantes? E no entanto, nos nossos jardins, preferimos árvores de fruto ou oliveiras cobertas de frutos. Belas árvores estéreis, tal como os homens que apenas têm em conta os seus próprios interesses.

Se a levedura não faz levedar a massa, não é verdadeiro fermento. Se um perfume não inebria os que se aproximam, poderemos dizer que é um perfume? Não digas que é impossível exercer boa influência nos outros porque, se és verdadeiramente cristão, é impossível que não aconteça nada; isso faz parte da própria essência do cristão. Seria tão contraditório dizer que um cristão não pode ser útil ao seu próximo como negar ao sol a possibilidade de iluminar e aquecer.

S. João Crisóstomo in Homilias sobre os Actos dos Apóstolos, n° 20


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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Glórias britânicas - José Maria André

Acabaram-se as minhas férias no Reino Unido, durante as quais assisti a aulas muito interessantes sobre a história da Igreja naquele país. Aprendi imenso.


Os historiadores ingleses não escondem alguma página triste, como a perseguição aos católicos (ainda não completamente abolida em certos aspectos práticos), no entanto, o balanço é extraordinário, até na lucidez com que este povo olha o seu passado.

Um ponto alto da história britânica é a participação política. A democracia foi arraigando e no século XVIII já era uma conquista civilizacional razoavelmente consolidada.

Outra das glórias do país é a abolição da escravatura moderna. A escravatura já desaparecera na Europa nos primeiros séculos do cristianismo e assim continuou durante toda a Idade Média, mas depois, com os descobrimentos marítimos, voltou. Reagiram os Papas, alguma gente de bom coração esforçou-se por libertar os escravos e proporcionar-lhes melhores condições mas, apesar de pequenos êxitos, os interesses económicos prevaleceram e a Europa voltou a praticar a escravatura. Foi em Inglaterra, no final do século XVIII, que a situação se alterou, sobretudo graças a William Pitt e a William Wilberforce (lembram-se do filme «Amazing Grace»?).

William Pitt, considerado o melhor Primeiro-Ministro inglês, chegou ao cargo com 24 anos de experiência, ou, para o dizer de forma mais clara, foi Primeiro-Ministro com 24 anos de idade. Dizia-se que «would not last out the Christmas season» (não ia chegar ao Natal), mas sobreviveu 17 anos, com vários êxitos eleitorais retumbantes. Pitt ficou na história pelo sucesso económico e social, pela «revolução» na política monetária, por vitórias militares (como a batalha de Trafalgar, que aniquilou a armada napoleónica, desejosa de invadir a Grã-Bretanha). Sobretudo, Pitt ficou conhecido pela sua integridade pessoal e pelas causas cívicas em que se empenhou, principalmente a abolição da escravatura, conseguida ao fim de duas décadas e meia de esforço conjunto com o seu amigo William Wilberforce.

Outro objectivo de William Pitt era mitigar a perseguição aos católicos, mas o rei Jorge III opôs-se, com o argumento de que isso iria contra o juramento que fizera ao tomar posse como rei. Em consequência, Pitt demitiu-se. Entretanto, já tinha conseguido que o espírito prático dos ingleses aceitasse algumas mudanças. Por exemplo, convenceu-os de que era melhor os padres católicos serem formados no seu país do que terem de ir estudar para o estrangeiro, nomeadamente para França, expostos às loucuras ideológicas da Revolução Francesa. Com esse argumento de sentido prático, conseguiu que um rei ferreamente anticatólico fundasse e financiasse a Maynooth University, em 1795, uma universidade católica! 

O grande colaborador de Pitt, William Wilberforce, homem de profunda religiosidade, também tinha simpatia pelos católicos. Tentou, sem êxito, que o catolicismo fosse aceite e que os católicos pudessem ser funcionários públicos e até ser eleitos para o Parlamento. Grande parte da família Wilberforce converteu-se ao catolicismo durante o século XIX e isso teve grande eco, porque eram personalidades de grande craveira e muito estimadas.

Outro exemplo do espírito prático dos ingleses é a forma como promoveram a escolaridade. Em vez de criarem escolas estatais, apoiaram as boas escolas. Foi deste modo que as escolas católicas floresceram com o apoio do Estado, porque tinham prestígio académico e eram preferidas por muitas famílias, apesar de o número de católicos na época ser ínfimo. Esta política fez com que a taxa de alfabetização chegasse a 100% no Reino Unido, um século antes de alcançar 10% em Portugal e em muitos outros países do mundo.

Ainda hoje, quando os ingleses falam de «escola pública» referem-se a qualquer escola, porque são todas apoiadas pelo Estado, a começar pelas católicas. Quando lhes explico que em Portugal «escola pública» significa «escola estatal», eles abrem a boca de espanto: vocês deixam que os funcionários públicos fiquem com o vosso dinheiro e decidam a educação dos vossos filhos?

Há coisas que ultrapassam a capacidade de compreensão dos ingleses.

Um aspecto da Maynooth University, uma universidade católica fundada por um rei anticatólico, num país onde o catolicismo era perseguido.
Em baixo, pormenor da capela da Maynooth University.


José Maria André in «Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», 14-IX-2014


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Educar no pudor (2): A infância e a adolescência

(A primeira parte do artigo, referente aos primeiros anos, pode ser encontrada aqui)

A adolescência é uma etapa fundamental na vida de cada pessoa. É necessário sentir a liberdade e ao mesmo tempo é preciso sentir-se ligado aos outros. A educação nesta etapa é diferente. 

O período que vai, aproximadamente, entre os sete e os doze anos – quando já começam a aparecer algumas características da adolescência –corresponde à época mais suave do crescimento para pais e filhos, sobretudo se a educação foi previamente bem conduzida. O filho ou a filha já é capaz de tratar por si só dos seus assuntos, mas conta muito com os pais e costuma confiar-lhe todas as suas coisas. Há um verdadeiro interesse de saber, de apagar qualquer incógnita. E, quando se utilizam as palavras adequadas, compreendem muito bem o que se lhes transmite. 

Essa relativa tranquilidade não deve ser desculpa para descuidar a tarefa educativa, pensando, talvez, que as coisas vão bem por si próprias. Deve ser, pelo contrário, a época em que se consolidam na cabeça as ideias e os critérios que configurarão a sua vida no futuro. Poderia dizer-se que é o momento de explicar tudo, adiantando-se mesmo àquilo com que se enfrentarão mais tarde. 

Os anos suaves 

Chegaram os anos já adequados para explicar aos filhos não somente as manifestações do pudor, mas o seu próprio sentido. Entenderão, por exemplo, que a roupa não só tapa o corpo, mas também que veste a pessoa, que mostra como nos queremos dar a conhecer, que representa o respeito que pedimos e que damos. 

Simultaneamente, os filhos devem aprender a administrar a sua intimidade, de forma que só a descubram na medida adequada e diante das pessoas adequadas. A prudência – é a virtude aqui em jogo – adquire-se com a retidão, a experiência e o bom conselho e nesta aprendizagem os pais têm muito a dizer. Os filhos esperam deles uma relação de confiança, um interesse e uma orientação que os faça sentir mais seguros neste incipiente desenvolvimento da personalidade. Ratificando ou corrigindo, conforme os casos, aprendem o que é que se deve confiar, a quem e porquê.

O risco que existe nestas idades é que o interesse em aprender derive para uma curiosidade indiscriminada, por vezes indiscreta; e num desejo de experimentar novidades, também com o próprio corpo. Daí a importância de que os pais dêem importância a todas as perguntas que lhes possam formular, sem se escapulir ou deixá-las para um futuro incerto, e lhes dêem resposta de modo adequado à sensibilidade dos filhos. Por exemplo, estas idades são o momento certo para a educação afetiva bem entendida. No lhes mintais: eu matei todas as cegonhas. Dizei-lhes que Deus se serviu de vós para que eles viessem à terra, que são o fruto do vosso amor, da vossa entrega, dos vossos sacrifícios... Para isso tendes de ser amigos dos filhos, dar-lhes pé para que falem das suas coisas confiadamente [1]. Neste contexto transmite-se o valor do corpo humano e a necessidade de o tratar com respeito, evitando tudo o que leve a considerá-lo como um objecto, seja de prazer, de curiosidade ou de brincadeira.

Convém também antecipar-se aos acontecimentos, explicando as mudanças corporais e psicológicas que lhes aparecerão com a adolescência, que saberão, assim, aceitar com naturalidade quando chegar o momento. Tem de se evitar que rodeiem esta matéria de malícia, que aprendam algo – que é em si mesmo nobre e santo – de uma má confidência de um amigo ou de uma amiga [2]. Também aqui deve imperar o sentido positivo. Sem omitir a referência aos perigos de um ambiente permissivo, de que de resto as crianças costumam aperceber-se logo em idades precoces, trata-se de encarar a questão como uma oportunidade de crescimento para as suas almas e os seus corpos, se sabem esforçar-se por reagir positivamente perante estímulos negativos. O pudor constituirá – já o constitui – uma efectiva defesa e ajuda para guardar a pureza do coração.

Os anos difíceis 

Os anos correspondentes ao início da adolescência, e à própria adolescência, são, no tema que nos ocupa, mais difíceis para os pais. Em primeiro lugar, porque os filhos se tornam mais defensores da sua intimidade. Às vezes adotam também atitudes contestatárias, que podem parecer não ter outro motivo que não seja o de ser do contra. Isto pode causar um certo desconcerto nos pais, que intuem – com razão – que parte da sua intimidade já não a partilham com eles, mas com os amigos ou amigas. São também desconcertantes as alterações do humor; os filhos passam de momentos em que exigem que ninguém entre no seu mundo, para outros em que reclamam uma atenção talvez desproporcionada. É importante saber detectar estes últimos e fazer o possível por escutá-los, pois não se pode saber quando se apresentará a oportunidade seguinte. 

Estes desejos de independência e intimidade não são apenas necessários; são também uma nova oportunidade para fomentar o crescimento da sua personalidade. Os adolescentes têm especialmente a necessidade de cultivar espaços de intimidade e devem aprender a mostrá-la ou a reservá-la de acordo com as circunstâncias. A ajuda que os pais lhes podem dar neste campo consiste, em grande parte, em saber ganhar a sua confiança e saber esperar. Estar disponíveis e interessar-se pelas suas coisas, e saber aproveitar esses momentos – sempre os há – em que os filhos os procuram ou em que as circunstâncias exigem una conversa. 

A confiança ganha-se, não se impõe. Menos ainda se consegue espiando os filhos, lendo as suas agendas ou diários, escutando o que falam com os amigos, ou entrando em contacto com eles – usando uma identidade falsa – através das redes sociais. Embora alguns pais pensem que o fazem para seu bem, intrometer-se desse modo na intimidade dos filhos é o melhor modo de arruinar a confiança mútua e, em condições normais, é objectivamente injusto. 

As características enumeradas anteriormente têm como efeito que os adolescentes se olhem muito a si próprios, de todos os pontos de vista, entre os quais ocupa um lugar relevante o físico. Daí tem de se deduzir que o primeiro pudor que convém ajudá-los a cuidar se refere a eles próprios. Isto sucede tanto com as raparigas como com os rapazes, ainda que, em cada caso, com matizes diferentes. Nelas, a tendência é de se compararem com modelos estéticos que apreciam e sentirem-se atraentes para o outro sexo. Neles, domina mais o desejo de serem vistos como desenvolvidos e bem constituídos diante dos seus companheiros, sem que também não falte o desejo de serem admirados pelas raparigas. Grande parte deste narcisismo juvenil pratica-se sem testemunhas, mas se se observar com atenção será fácil ver algum sintoma desta atitude, como por exemplo quando eles não são capazes de resistir a contemplarem-se diante de algo que reflicta a sua imagem, mesmo que seja ao ir pela rua; ou, nas raparigas, a obsessiva pergunta acerca de como lhes fica o que vestem. 

Pensar que «são coisas da idade» e que já lhes passarão, para inibir-se, suporia uma desfocagem da questão. São, evidentemente, coisas da idade mas, por isso mesmo, devem ser educadas. A adolescência é a idade em que despertam os grandes ideais e estes devem ser fomentados. Os filhos compreendem com relativa facilidade que esses ensinamentos acabam por os impedir de ver as necessidades dos outros. E a partir daí, podem apreciar que o pudor consigo próprios – cuidar do próprio corpo, mas sem excessos; evitar curiosidades malsãs, etc. – é um requisito para ter o coração generoso que desejam ter. 

Modéstia e moda

O remédio não está em isolar os filhos do grupo: necessitam dos seus amigos ou amigas, também para amadurecer. O que é preciso é ensinar a ir contracorrente. E há que saber fazê-lo. Se o filho ou a filha se escudam em que todos os seus amigos «andam assim», os pais, em primeiro lugar, devem explicar-lhes a importância de valorizar a sua própria personalidade e ajudá-los a que tenham boas amizades; e, em segundo lugar, devem procurar estabelecer, eles próprios, amizade com os pais dos amigos, para assim se porem de acordo neste e noutros assuntos.

Em todo caso, não se deve ceder. Qualquer forma de vestir que seja contrária ao pudor ou a um elementar bom gosto não deve entrar no lar. Os pais devem estar atentos e, quando chegar o momento, falar com os filhos, com serenidade, mas com firmeza, e dando-lhes as razões do seu comportamento. Se durante a infância combina que quem explicasse estes temas fosse o pai ao filho e a mãe à filha, agora – em muitas ocasiões – costuma ser oportuno que também intervenha o outro. Assim, por exemplo, diante de uma filha adolescente que não entende porque não deve utilizar uma roupa que a exibe demasiado, o seu pai pode contribuir para o que, talvez, não compreenda: que dessa maneira atrai os olhares dos rapazes, mas de modo algum o seu apreço.

Como noutros assuntos, pai e mãe podem contar aos filhos, de uma forma prudente, as lições que eles próprios aprenderam quando eram adolescentes, bem como o que verdadeiramente procuravam na pessoa com que pensavam que poderiam partilhar a sua vida. São conversas que porventura, num primeiro momento, parecem não ter muito efeito, mas que a longo prazo têm, e os filhos acabam por agradecê-las.

Quando falamos da formação no pudor, a tarefa dos pais deve também estender-se, na medida das suas possibilidades, ao ambiente em que os filhos se movem. Uma primeira manifestação é a escolha dos lugares de férias. Em muitos países, as praias no verão são pouco aconselháveis; mesmo quando se põem meios para evitar um panorama pouco edificante, o clima geral é tão descuidado que dificulta o decoro. Analogamente, se se inscreve o filho nalguma atividade recreativa ou num acampamento, seria absurdo não se informar bem dos meios que os organizadores disponibilizam para que o tom humano seja elevado.

Outro campo que é necessário ter em conta é o dos lugares de diversão dos filhos, sobretudo porque a pressão do grupo é mais forte na adolescência. É importante que os pais conheçam os locais por onde se movem os jovens, e que procurem dar alternativas pondo-se de acordo com outros pais. Um terceiro local, têm-no mais à mão: o quarto dos filhos. É normal que queiram colocar elementos decorativos a seu gosto, mas essa independência deve ter um limite marcado, sobretudo, pela dignidade do que se quer colocar.

De resto, é lógico que alguma vez os pais encontrem resistências nos filhos, pela natural tendência dos adolescentes para querer afirmar a sua independência dos pais e dos adultos em geral e pela sua falta de experiência. Muitas vezes uma desobediência – não é possível, nem desejável, controlar tudo – traz consigo uma lição e com ela um aviso que se tem de saber aproveitar. Quando acontece uma dificuldade, não há que perder a serenidade. Talvez os pais tenham assim aprendido, mais do que uma vez, quando tinham a idade dos filhos. A ação educativa requer sempre uma grande dose de paciência, especialmente em âmbitos como este, em que os critérios que se lhes quer transmitir podem parecer, num primeiro momento, exagerados aos jovens . Já chegará o tempo em que eles os entenderão melhor e os assumirão como próprios, sempre e quando não falte a insistência – com carinho, bom humor e confiança – por parte de uns pais convencidos de que vale a pena educar assim.

J. De la Vega in opusdei.pt

[1] S. Josemaria, Pregação oral, recolhida por Carlos Soria em “Maestro de buen humor”, ed. Rialp, Madrid, p. 99.

[2] Temas actuais do cristianismo, n. 100.


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