quarta-feira, 18 de julho de 2012

O cansaço e a vida quotidiana na família – Diego Ibañez Langlois

Chega-se cansado a casa. O cansaço é legítimo. O mau humor, não. Convém lembrar que o homem cansado é propenso ao mau génio, já que tem as defesas baixas e os nervos destemperados. O cansado tende ao hermetismo. Não é comunicativo. É preciso dar ao cansado um tempo para decantar as fadigas e preocupações de um dia de trabalho. Deve-se permitir ao guerreiro deixar suas armas, desmontar e recompor-se. 

Procura desfazer-se quanto antes de sua mercadoria. Interrompe quando não deve, tem mais pressa quanto mais deve esperar. É a hora heróica dos pais. O carinho dos filhos vale mais que o esgotamento. Ao chegar a casa, nenhum pai pode abrir a porta e dizer: “Missão cumprida”. Se ele acha que a casa é o lugar das compensações egoístas, um pai de família perdeu-se. A recompensa verdadeira é a de ver-se rodeado por afecto. O carinho dos filhos não é um carinho abstracto, teórico. É tangível. Percebe-se. Toca-se. Os olhos das crianças estão a dizer: “Seja meu pai. Tu és forte, mais forte que o cansaço”.


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