quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O irmão do filho pródigo - Cardeal Joseph Ratzinger (1983)

Meditando nesta parábola, não se deve esquecer a figura do filho mais velho. Num certo sentido, ele não é menos importante que o mais novo, a ponto de esta história poder ter também o título, que talvez fosse mais adequado, de parábola dos dois irmãos. Com a figura dos dois irmãos, o texto situa-se no coração de uma longa história bíblica, começada com a história de Caim e Abel, retomada com os irmãos Isaac e Ismael, Jacob e Esaú, e interpretada em diferentes parábolas de Jesus. Na pregação de Jesus, as figuras dos dois irmãos reflectem sobretudo o problema da relação Israel-Pagãos. Ao descobrir que os pagãos são chamados sem estarem submetidos às obrigações da Lei, Israel exprime a sua amargura: «Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua.» Com as palavras: «Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu», a misericórdia de Deus convida Israel a festejar.

Mas o significado deste irmão mais velho é ainda mais abrangente. Em certo sentido, ele representa o homem devoto, ou seja todos os que permaneceram com o Pai sem desobedecer às suas ordens. O momento do regresso do pecador desperta o ciúme, esse veneno até então oculto no fundo da sua alma. Por quê este ciúme? Ele mostra que muito «devotos» também escondem no seu coração o desejo do país longínquo e das suas seduções. A inveja revela que estas pessoas não compreenderam realmente a beleza da pátria, a felicidade de «tudo o que é meu é teu», a liberdade de ser filho e proprietário. Assim, parece que também elas desejam secretamente a felicidade do país longínquo. E, no fim, não entram na festa; no fim, permanecem de fora. 

A figura do irmão mais velho obriga-nos a um exame de consciência; esta figura permite-nos compreender a reinterpretação dos dez mandamentos que é feita no Sermão da Montanha (Mt 5,28). Não é somente o adultério exterior, mas também o interior que nos afasta de Deus: é possível permanecer em casa e ao mesmo tempo partir. Deste modo, devemos também compreender a «abundância», a estrutura da justiça cristã: ela traduz-se por um «não» à inveja e um «sim» à misericórdia divina.


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Cinco ideias-chave sobre a família e o casamento



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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A pobreza de Jesus - Santa Teresa Benedita da Cruz

O Salvador precedeu-nos no caminho da pobreza. Todos os bens do céu e da terra Lhe pertencem. Não representam para Ele nenhum perigo; podia fazer uso deles e manter o Seu coração completamente livre. Mas Ele sabia que é quase impossível a um ser humano possuir bens sem se subordinar a eles e tornar-se seu escravo. Foi por esta razão que Ele abandonou tudo e nos mostrou, com o Seu exemplo, mais ainda do que pelas Suas palavras, que só possui tudo quem não possui nada. 

O Seu nascimento num estábulo e a Sua fuga para o Egipto mostravam já que o Filho do Homem não teria onde reclinar a cabeça. Quem quiser segui-Lo tem de saber que não temos aqui morada permanente. Quanto mais vivamente tomarmos consciência disso, mais fervorosamente tenderemos para a nossa futura morada, e exultaremos com o pensamento de termos direito de cidadania no Céu.


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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Frase do dia

"Quanto ficará no Purgatório? Quem julga, quem reclama, quem calunia!" 

S. Pio de Pietrelcina


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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O mito da falta de alimentos no mundo



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Confessionários vazios, spas cheios - Pedro Afonso

Recentemente um sacerdote lamentava-se de passar horas a fio no confessionário sem que ninguém aparecesse. Ora, num país que se diz maioritariamente católico, este fenómeno merece reflexão, pois se os confessionários estão vazios os “spas” são cada vez mais procurados. Por conseguinte, talvez não seja por acaso que Portugal ocupe um indecoroso 32ºlugar no Índice de Percepção da Corrupção, relativo a 2011, divulgado pela Transparência Internacional, de um total de 183 países avaliados.

Numa sociedade cada vez mais secularista, a noção entre o bem e o mal tem vindo a esbater-se. Se recusarmos assumir que o bem e o mal são realidades naturais, como é que faz sentido falar-se em justiça? Existem interesses políticos e económicos que visam extinguir da nossa sociedade uma certa consciência moral. É o principio de todas as tiranias: prometem de início o cumprimento de todos os desejos humanos, dando rédea solta a todos os instintos e apetites, mas rapidamente se apoderam da liberdade de um povo.

E foi o que aconteceu connosco. Portugal não perdeu apenas soberania com a dívida pública, antes disso, perdeu um depósito moral que urge repor. A televisão não ficou indiferente a este fenómeno, explicando-se deste modo o florescimento de programas televisivos moralmente degradantes, como “a casa dos segredos”, nos quais, em vez de se enaltecer as virtudes humanas, se idolatram os vícios privados e se promove a boçalidade. Escasseiam as pessoas que falam com a mínima convicção sobre o bem e o mal e quando alguém expressa este tipo de opinião ela é escarnecida, apontada como fundamentalista – como se fosse possível haver alguma tolerância perante o lamaçal da degradação humana.

Temos assistido a um aumento da corrupção, criando-se a percepção perigosa de que aqueles que ontem foram as vítimas, se tiverem oportunidade, convertem-se amanhã em carrascos. Impera o principio justificativo “ todos fazem assim...”. E quando alguém deixa de acreditar nos princípios é porque deixou de os ter. A corrupção não se combate apenas com leis gerais, numa planificação em grande escala. A corrupção só se combate eficazmente quando o indivíduo reconhece que o mal está dentro de si próprio. Mas como será possível alcançar este objectivo se apenas se promove o auto-endeusamento?

Esta crescente idolatria pelos centros de rejuvenescimento, relaxamento e anti-stresse é psiquicamente estéril. A fecundidade está no acto de nos questionarmos quanto ao que está certo e se, porventura, nos teremos equivocado; a fecundidade está na reflexão pessoal e no desejo de enriquecer as nossas qualidades humanas. Não é possível melhorarmos enquanto país se não melhorarmos enquanto pessoas. E este elemento de mudança não está ao alcance de nenhum governo.

Um país para ser verdadeiramente livre e próspero terá de fomentar a autocrítica e o pensamento, defender uma consciência moral, assumir que existe um bem-comum e que todos nós somos responsáveis pela sua conquista. Devido à constante correria é provável que hajam muitas pessoas que nem sequer tenham consciência disso. É preciso travar esta agitação febril para as soluções fáceis, penetrando na raiz do problema. Pior do que termos uma praga de “spas” é entronizarmos a decrepitude e entregarmo-nos submissos à época viciosa em que vivemos.


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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Carta aos Deputados do CDS-PP

Excelentíssimos Senhores Deputados,

Foi com perplexidade que assisti ao voto favorável vindo da bancada parlamentar do CDS-PP, por parte do Senhor Deputado Adolfo Mesquita Nunes, ao projecto de lei do Bloco de Esquerda sobre a adopção de crianças por "casais" do mesmo sexo.

Este Senhor Deputado já em 2007 tinha lutado a favor da liberalização do aborto, sendo assim co-responsável pelos mais de 80 mil bebés mortos legalmente, tudo patrocinado com o dinheiro dos nossos impostos.

Isto deveria provocar uma forte reflexão sobre o que significa Democracia Cristã, porque as ideias defendidas por Senhores Deputados como este são tudo menos cristãs.

O objectivo do CDS-PP é ser um Bloco de Esquerda, mas com uma política económica mais liberal? Que o seja, mas que o afirme abertamente, de modo a não enganar os eleitores.

A mim já não me enganam mais, e enquanto mantiverem no vosso grupo parlamentar pessoas que representam os ideais da Bloco de Esquerda não contarão com o meu voto.

Esta crise, mais do que económica, é uma crise de valores cristãos, e tenho pena que o CDS-PP não seja uno a defendê-los.

Com os melhores cumprimentos,

João Silveira


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Frase do dia

"O impulso de permanecer em paz eternamente é bom e santo, mas é preciso modificá-lo com a completa resignação à Vontade Divina." 

S. Pio de Pietrelcina


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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Trigo e cizânia - Aura Miguel

Nas últimas semanas, a imprensa tem revelado algumas facetas menos dignas, com intrigas e jogos de poder entre cardeais. O problema é tão velho que até os primeiros apóstolos ouviram ralhar de Jesus porque discutiam entre eles quem teria o melhor lugar.

Se folhearmos os livros de História, encontramos tristes episódios, nada edificantes, atribuídos a membros da Igreja. Santa Catarina de Sena, co-padroeira da Europa, constatou, no seu tempo, que “a corte do Santo Padre tão depressa parece um ninho de anjos como um ninho de víboras”.

Ao ser informado de que Napoleão queria destruir a Igreja, o então secretário de Estado do Papa Pio VII terá comentado: “Não vai conseguir, porque nem nós próprios conseguimos destruí-la”.

Pois é assim mesmo, e será sempre: a Igreja é um como um campo, onde nasce bom trigo, mas também cizânia.

Parafraseando o próprio Papa Bento XVI, a Igreja é como "uma rede onde convivem peixes bons e peixes maus”, ao ponto de os maiores ataques contra ela própria virem de dentro e não de fora.

Mas é também um lugar de santidade, onde há pastores que dão a vida por Cristo, com amor e limpidez, com uma sabedoria fiel e corajosa, que roça o martírio.

Ratzinger é um destes pastores, que não foge com medo diante dos lobos, como de modo clarividente intuiu (no início do seu pontificado) que viria a acontecer.


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D.Luigi Giussani, rumo à beatificação

A extensa lista de santos e beatos da Itália será em breve enriquecida com o nome de Luigi Giussani. Nessa quarta-feira, durante a missa de sufrágio, aos sete anos após sua morte, Julián Carrón, presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação (CL), fez o pedido para abrir a causa de beatificação e canonização do seu antecessor.

Na homilia da Missa de sufrágio, celebrada na catedral de Milão, o arcebispo da diocese ambrosiana, o cardeal Angelo Scola citou uma passagem do Livro do Eclesiástico: "Nenhum homem é suficientemente senhor do seu sopro vital para contê-lo."

Uma citação do Antigo Testamento que, segundo o cardeal, harmoniza bem com o pensamento de Giussani cuja proposta educativa, recordou Scola, foi um "aspecto genial" "a eficaz recuperação da verdade cristã de que ninguém pode salvar-se por si mesmo."

O fundador de CL recebeu do Espírito um "carisma católico", florescido na Igreja Ambrosiana, que "a Igreja reconheceu universalmente e do qual hoje podem desfrutar dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo", acrescentou o cardeal.

Scola foi filho espiritual de Giussani e – como sublinhou Carrón na saudação final – o dia da sua posse na diocese, recordou seu "génio educativo".

O fundador de CL teve – entre seus muitos méritos – o de ter sabido afrontar a “forte tentação", hoje dominante, de uma "fratura, aparentemente incurável, entre fé e vida" e de ter transmitido aos seus alunos a possibilidade de "viver no encontro com Cristo um caminho verdadeiramente humano", disse Carrón.

A sequela do carisma giussaniano tem representado para muitos católicos a possibilidade de "verificar todos os dias a presença do Salvador como resposta ao grito de necessidade de salvação, que – como lembrou ele mesmo no seu discurso no recente congresso Jesus é nosso contemporâneo – "é do coração de cada homem de todo tempo e lugar, independentemente do quanto confusa possa ser sua incidência na vida”, disse Carron virando-se para o arcebispo.

No final de seu discurso, Carrón apresentou o pedido de abertura da causa de beatificação e canonização de Luigi Giussani. "Que Nossa Senhora -" fonte viva de esperança "- nos ajude cada dia a sermos dignos das promesssas de Cristo e da imensa graça que no carisma de Giussani temos recebido e ainda recebemos", disse o presidente de CL.

O pedido de beatificação e canonização de monsenhor Giussani foi feito em 22 de fevereiro, dia do aniversário e da festa da Cátedra de São Pedro, através da postulador nomeada pelo Presidente da Fraternidade, canonicamente constituído em Actor da Causa : é a professora Chiara Minelli, professora de Direito canónico e eclesiástico na Universidade de Brescia. in Zenit


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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis - Papa Bento XVI

Se na minha vida falta totalmente o contacto com Deus, posso ver no outro sempre e apenas o outro, e não consigo reconhecer nele a imagem divina. Mas, se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas ser «piedoso» e cumprir os meus «deveres religiosos», então definha também a relação com Deus. Neste caso, trata-se duma relação «correcta», mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor me torna sensível também diante de Deus. Só o serviço ao próximo abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama.

Os Santos — pensemos, por exemplo, na Beata Teresa de Calcutá — hauriram a sua capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, do seu encontro com o Senhor eucarístico, e vice-versa, este encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente no serviço deles aos outros.

Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento. Mas, ambos vivem do amor preveniente com que Deus nos amou primeiro. Deste modo, já não se trata de um «mandamento» que do exterior nos impõe o impossível, mas de uma experiência do amor proporcionada do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros. O amor cresce através do amor. O amor é «divino», porque vem de Deus e nos une a Deus, e, através deste processo unificador, nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja «tudo em todos» (1 Cor 15, 28).

in Deus Caritas Est


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Dom Manuel Monteiro de Castro em entrevista




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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quarta-Feira de Senzas

“Memento, homine, quia pulvis es, et in pulverem reverteris.”




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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Deus não aceita o que é mal feito - S. Josemaria Escrivá

Começar é de muitos; acabar, de poucos. Nós, que procuramos comportar-nos como filhos de Deus, temos de estar entre os segundos. não o esqueçais: só as tarefas terminadas com amor, bem acabadas, merecem aquele aplauso do Senhor, que se lê na Sagrada Escritura: é melhor o fim de uma obra do que o seu princípio.

Muitos cristãos perderam a convicção de que a integridade de Vida, pedida pelo Senhor aos seus filhos, exige um cuidado autêntico ao realizarem as tarefas pessoais, que têm de santificar, sem descurarem inclusivamente os pormenores mais pequenos.

Não podemos oferecer ao Senhor uma coisa que, dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeita, sem defeitos e realizada com toda a atenção, mesmo nos aspectos mais insignificantes, porque Deus não aceita o que é mal feito. Não oferecereis nada que tenha defeito, porque não seria aceite favoravelmente, adverte-nos a Escritura Santa. Por isso, o trabalho de cada um de nós, esse trabalho que ocupa as nossas jornadas e as nossas energias, há-de ser uma oferenda digna do Criador, operatio Dei, trabalho de Deus e para Deus. Numa palavra, uma tarefa bem cumprida e impecável.

Se reparardes, entre os muitos elogios que fizeram de Jesus aqueles que puderam contemplar a sua vida, há um que, de certo modo, compreende todos os outros. Refiro-me àquela exclamação, cheia de sinais de assombro e de entusiasmo, que a multidão repetia espontaneamente ao presenciar, atónita, os seus milagres: bene omnia fecit, tudo tem feito admiravelmente bem: os grandes prodígios e as coisas comezinhas, quotidianas, que não deslumbraram ninguém, mas que Cristo realizou com a plenitude de quem é perfectus Deus, perfectus Homo, perfeito Deus e perfeito homem. (Amigos de Deus, 55–56)


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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sexo, poder e dinheiro - José Luís Nunes Martins

A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos. Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente. O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido.

O sexo, fazendo parte da vida, não é contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo é apenas uma ínfima parte do que somos, o albergue temporário de uma interioridade composta por, tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes também, belezas indescritíveis. Felizmente, o ser humano é capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro através do seu corpo. 

O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como não dá nunca o discernimento essencial às escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado. 

O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo, o que diz mais do mundo do que das contas bancárias. Quantificação simples de um tipo de sucesso que explora mais do que eleva, o dinheiro não se torna, nem mesmo em quantidades desproporcionadas, numa riqueza, uma vez que a riqueza será o que dignifica e engrandece, jamais o seu contrário.

Sexo, poder e dinheiro são promessas vãs. Chegam a conjugar-se a fim de escravizar mais eficazmente quem parece amar a sua própria desgraça. São muitos os que desperdiçam a sua única vida em busca do que não presta. É sempre trágico, mas não deixa de ser justo.


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Todas as fases da Vida Humana têm a mesma dignidade




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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Perder tempo - Miguel Esteves Cardoso

Perder tempo não é como gastar dinheiro. Se o tempo fosse dinheiro, o dinheiro seria tempo. Não é. O tempo vale muito mais do que o dinheiro. Quando morremos, acaba-se o tempo que tivemos. Quando morremos, o que mais subsiste e insiste é a quantidade de coisas que continuam a existir, apesar de nós.

O nosso tempo de vida é a nossa única fortuna. Temos o tempo que temos. Depois de ter acabado o nosso tempo, não conseguimos comprar mais. Quando morreu o meu pai, foi-se com ele todo o tempo que ele tinha para passar connosco. As coisas dele ficaram para trás. Sobreviveram. Eram objectos. Alguns tinham valor por fazer lembrar o tempo que passaram com ele - a régua de arquitecto naval, os relógios - quando ele tinha tempo.

As pessoas dizem time is money para apressar quem trabalha. A única maneira de comprar tempo é de precisar de menos dinheiro para viver, para poder passar menos tempo a ganhá-lo. E ficar com mais tempo para trabalhar no que dá mais gosto e para ter o luxo indispensável de poder perder tempo, a fazer ninharias e a ser-se indolente.

A ideologia dominante de aproveitar bem o tempo impede-nos de perder esses tempos. Quando penso no meu pai, todas as minhas saudades são de momentos que perdi com ele. Uma noite, numa cabana no Canadá, confessou-me que o único filme de que gostava era Um Peixe Chamado Wanda. Todos os outros eram uma perda de tempo. Perdemos a noite inteira a falarmos e a rirmo-nos disso. Ainda hoje tem graça.


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Frase do dia

"Uma composição religiosa será tanto mais sacra e litúrgica quanto mais se aproxima no andamento, inspiração e sabor da melodia gregoriana, e será tanto menos digna do templo quanto mais se afastar daquele modelo."

S. Pio X, no motu próprio Tra le solicitudine (sobre música Sacra)


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As vigílias - Santo Isaac, o Sírio

Nada torna a alma pura e feliz, nem a ilumina e afasta dela os maus pensamentos, como as vigílias. Por isso, todos os nossos pais perseveraram neste trabalho das vigílias e adoptaram por regra permanecer acordados de noite durante todo o curso da sua vida ascética. Fizeram-no especialmente porque tinham entendido o nosso Salvador convidar-nos a isso insistentemente, em diversos lugares, pela Sua Palavra viva: «Velai, pois, orando continuamente» (Lc 21,36); «Vigiai e orai, para não cairdes em tentação» (Mt 26,41); e ainda: «Orai sem cessar» (1 Tes5,17).

E não Se contentou com advertir-nos apenas por palavras. Deu-nos também o exemplo na Sua pessoa, honrando a prática da oração acima de qualquer outra coisa. Por isso Ele se isolava constantemente para rezar, e isso não era feito de um modo qualquer, mas escolhendo por tempo a noite e por lugar o deserto, a fim de que também nós, evitando as multidões e o tumulto, nos tornemos capazes de orar na solidão.

Por isso os nossos pais receberam este alto ensinamento a respeito da oração como se ele viesse do próprio Cristo. E escolheram vigiar na oração segundo a ordem do apóstolo Paulo, sobretudo a fim de poderem permanecer sem nenhuma interrupção na proximidade de Deus pela oração contínua. [...] Nada que venha do exterior os atinge e nada altera a pureza do seu intelecto, o que perturbaria estas vigílias que os enchem de alegria e que são a luz da alma.


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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Convertidos ao catolicismo



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A verdadeira humildade leva... a pedir perdão! - S. Josemaria Escrivá

A sinceridade é indispensável para progredir na união com Deus.

– Se dentro de ti, meu filho, há algo que não queres que se saiba, desembucha! Diz primeiro, como sempre te aconselho, o que gostarias de ocultar. Depois de ter desabafado na Confissão, como nos sentimos bem! (Forja, 193)

– Bendito seja Deus! – dizias depois de acabar a tua Confissão sacramental. E pensavas: é como se voltasse a nascer.

Depois, prosseguiste com serenidade: "Domine, quid me vis facere?". – Senhor, que queres que faça?

E deste a resposta tu próprio: – Com a tua Graça, por cima de tudo e de todos, cumprirei a tua Santíssima Vontade: "serviam!", servir-te-ei sem condições! (Forja, 238)

A humildade leva cada alma a não desanimar ante os próprios erros. A verdadeira humildade leva... a pedir perdão! (Forja, 189)

Se eu fosse leproso, a minha mãe abraçar-me-ia. Sem medo nem hesitações, beijar-me-ia as chagas.

E, então, a Virgem Santíssima? Ao sentir que temos lepra, que estamos chagados, temos de gritar: – Mãe! E a protecção da nossa Mãe é como um beijo nas feridas, que nos consegue a cura. (Forja, 190)


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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Neste mundo confuso




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Somos chamados a amar o mundo - Beata Teresa de Calcutá

Somos chamados a amar o mundo. E Deus amou de tal forma o mundo que lhe deu Jesus (Jo 3, 16). Hoje, Ele ama de tal forma o mundo que nos dá ao mundo, a ti e a mim, para que sejamos o Seu amor, a Sua compaixão e a Sua presença através de uma vida de oração, de sacrifícios e de entrega. A resposta que Deus espera de ti é que te tornes contemplativo, que sejas contemplativo.

Tomemos a palavra de Jesus a sério e sejamos contemplativos no coração do mundo porque, se temos fé, estamos perpetuamente na Sua presença. Pela contemplação a alma bebe directamente do coração de Deus as graças que a vida activa está encarregada de distribuir. As nossas vidas devem estar unidas a Cristo vivo que está em nós. Se não vivermos na presença de Deus, não podemos perseverar.

O que é a contemplação? É viver a vida de Jesus. É assim que a compreendo. Amar Jesus, viver a Sua vida no âmago da nossa e viver a nossa no seio da Sua. [...] A contemplação não ocorre por nos fecharmos num quarto obscuro, mas por permitirmos a Jesus que viva a Sua Paixão, o Seu amor, a Sua humildade em nós, que reze connosco, que esteja connosco e que santifique através de nós. A nossa vida e a nossa contemplação são unas. Não é uma questão de fazer, mas de ser. De facto, trata-se da plena fruição do nosso espírito pelo Espírito Santo, que derrama em nós a plenitude de Deus e nos envia a toda a Criação como mensagem Sua, pessoal, de amor.


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Bento XVI, audiência com Satanás - Pe.Gabriel Amorth

O jipe dá uma volta larga. Depois sobe à parte superior da praça, a poucos metros da porta da basílica vaticana. O Papa sai e cumprimenta as pessoas das primeiras filas. Giovanni e Marco, ao mesmo tempo, começam a uivar. Deitados no pavimento, uivam. Uivam altíssimo. "Santidade Santidade, estamos aqui", grita ao Papa uma das duas mulheres tentando atrair a sua atenção. Bento XVI volta-se, mas não se aproxima. Ele vê as duas mulheres e vê, no chão, os dois jovens gritando, babando, tremendo, enraivecidos.

Ele vê o olhar de ódio dos dois homens. Um olhar dirigido para ele. O Papa não se perturba. Olha de longe. Levanta um braço e abençoa os quatro. Para os dois possessos é um açoite furioso. Uma chicotada que lhes sacode o corpo todo. Tanto que os projecta três metros para trás e os deixa como que espancados, no chão. Agora já não gritam. Mas choram e choram e choram. Gemem durante toda a audiência. Depois, quando o Papa vai embora, reentram em si mesmos. Voltam a si. E não se lembram de nada.

Bento XVI é muitíssimo temido por Satanás. As suas missas, bênçãos, as suas palavras são uma espécie de poderosos exorcismos. Julgo que Bento XVI não faz exorcismos. Ou pelo menos não consta. No entanto, acho que todo o seu pontificado é um grande exorcismo contra Satanás. Eficaz. Potente. (...)

A maneira como Bento XVI vive a liturgia. O seu respeito pelas rubricas. O seu rigor. A sua atitude. São eficacíssimos contra Satanás. A liturgia celebrada pelo Pontífice é poderosa. Satanás fica ferido de cada vez que o Papa celebra a Eucaristia.

Satanás temeu muito a eleição de Ratzinger para o trono de Pedro. Porque via a continuação da grande batalha contra ele mantida ao longo de 26 anos e meio pelo seu antecessor, João Paulo II.

in L'ultimo esorcista. La mia battaglia contro Satana 


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Faz hoje 7 anos que se reencontraram




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Frase do dia

"Não temos noção dos frutos que a obediência é capaz de produzir!" 

S. Pio de Pietrelcina


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domingo, 12 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Frase do dia

"Estar sempre animado e cumprir o seu dever são características das almas mais perfeitas."

S. Pio de Pietrelcina


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um mal maior contra o bem do menor - Pe. Gonçalo Portocarrero

Os defensores da adopção por casais do mesmo sexo entendem que é preconceituosa a exigência de que os adoptantes sejam homem e mulher: uma «ideia antiga», ainda agrilhoada à «reprodução biológica». E acham também que, para o menor, é benéfica a sua eventual adopção por dois homens ou duas mulheres, sobretudo se a alternativa for a sua permanência numa instituição.

Na realidade, só há dois modelos para a adopção: o natural e o que, por ser o seu contrário, é não natural. Só um homem e uma mulher podem «ser» pai e mãe, mas não dois homens ou duas mulheres: podem «ter» uma criança, mas não ser seus pais. O modelo natural está pensado na perspectiva do adoptado e do seu direito a uma família. O modelo não natural está pensado na perspectiva dos adoptantes e do seu pretenso direito a um complemento da sua relação. É razoável que um homem e uma mulher casados tenham a faculdade de adoptar, porque a sua união naturalmente os capacita para a geração e, portanto, também para a adopção. Já não é razoável que tenham direito à paternidade ou à maternidade adoptiva os que, tendo livremente optado por um relacionamento naturalmente infecundo, excluíram a possibilidade de uma eventual descendência comum.

Se a adopção tem por modelo a família natural, é portanto lógico que esteja limitada aos casais heterossexuais, mas se não assenta na «reprodução biológica», ou seja, no fundamento natural da família, então tanto dá que o menor seja entregue a duas pessoas do mesmo sexo, a três ou mesmo a uma entidade social.

Note-se que a suposição de que é salutar para uma criança crescer numa família é também uma «ideia antiga» mas, pelos vistos, não indigna os partidários da adopção por dois parceiros do mesmo sexo. E o facto, afinal, destas uniões estarem formadas por duas pessoas e não mais, está logicamente inspirado na «reprodução biológica», mas esse antecedente também não os aflige. Portanto, ao contrário do que pretendem fazer crer, nem todas as ideias antigas são más…

Se se entende que se deve proporcionar ao menor uma família análoga à que o gerou, é evidente que só um casal constituído por um homem e uma mulher pode adoptar. Se o que se pretende é dar um menor a uns quaisquer indivíduos, nada obsta à adopção por duas pessoas do mesmo sexo. Mas, neste caso, por que razão a adopção teria que ser realizada por dois sujeitos e não três ou quatro?! Uma vez perdida a referência à «reprodução biológica», que motivo impediria a adopção por um clube de futebol, por um rancho folclórico ou por uma esquadra da PSP?!

De facto, de se admitir legalmente a adopção não natural, não haveria grande diferença entre a entidade adoptante e uma instituição, que são análogas na medida em que nenhuma é, em sentido natural, uma família. E que vantagem haveria, nesse caso, para o adoptado procedente de uma instituição, se nunca experimentaria a realidade natural de uma verdadeira família?

É habitual dizer-se que uma criança pode ser maltratada por um casal constituído por um homem e uma mulher, mesmo sendo os seus verdadeiros pais, e que, pelo contrário, poderia receber mais afecto de duas pessoas do mesmo sexo. Certo. Mas também é verdade que uma criança pode ser mais amada numa instituição, do que por duas pessoas do mesmo sexo... A questão não pode ser equacionada em termos casuísticos ou sentimentais, mas em função do fim a que tende a adopção: facultar uma verdadeira família à criança desvalida.

Os defensores da adopção não natural entendem ainda que é a competência parental que conta e não a consanguinidade. Mas então, assim sendo, também o filho do casal natural, pai e mãe «à antiga portuguesa», não deveria ser dado aos seus progenitores, mas entregue aos que provassem ser os «pais» mais aptos. Deste jeito, todos os cidadãos portugueses que quisessem «ter» geração, mas não «ser» pais, deveriam provar as suas aptidões parentais em exames nacionais e ser-lhes-iam depois dadas, consoante as suas qualificações, as crianças disponíveis.

Os filhos têm direito à família de que e em que nasceram: ao pai e à mãe que os geraram. Só a sua inexistência, ou manifesta incapacidade, pode legitimar a sua substituição por pais adoptivos. Mas nunca dois «pais» ou duas «mães», porque uma mãe não é outro pai, nem o pai uma outra mãe.

A adopção não natural é um mal maior, contrário ao bem do menor, que é o superior interesse que a lei deve tutelar. Se o não fizer, a questão já não será saber, como advertiu o Duque de Bragança, na sua mensagem do 1º de Dezembro, que país vamos deixar aos nossos filhos, mas a que filhos vamos deixar Portugal.


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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A felicidade de ter um filho 'sem querer' - Isabel Stilwell

Há umas semanas um estudo revelou que um grande número de mães planeiam a primeira gravidez, mas que engravidam de um segundo filho ‘sem querer’. Ou seja planeiam menos. Hoje publicamos uma outra sondagem que revela que as mulheres com filhos têm apenas 29 minutos por dia para si e que são extraordinárias gestoras da sua vida familiar e profissional. Sabendo, por experiência própria e observação alheia, de como ser mãe nos deixa de língua de fora, numa ginástica que supera tudo o que é imaginável, era mais lógico que as mulheres fossem ao primeiro filho ao engano, mas sabendo naquilo em que se tinham metido, evitassem ou programassem ao detalhe uma nova gravidez.

Mas não é assim e quem tem filhos suspeita bem porquê. É que a frieza do raciocínio de quem ainda não foi mãe desaparece para sempre depois de se ter tido um filho, e a ideia de nunca mais vir a ter um bebé nos braços é tão opressora que, se possível, encontra maneira de contornar o que a luz da razão poderia parecer mais sensato. Porque ter um filho é uma experiência que nos muda para sempre. Nunca mais dormimos uma noite seguida, nunca mais nos sentamos à mesa para uma refeição com princípio, meio e fim, já para não falar nos pensamentos constantemente interrompidos por uma exigência qualquer, mas também não voltamos a questionar o que fazemos neste planeta, nem a duvidar de que amamos e somos amados incondicionalmente.

Com momentos de desespero pelo meio, guerras e conflitos, amuos e birras, por vezes perdidos, mas sempre achados. E para sempre conscientes de que não podemos controlar tudo nas nossas vidas, para o mal, mas sobretudo para o bem. Sem me querer armar em psicanalista de serviço, há com certeza lapsos que tem uma explicação muito mais profunda do que aquilo que julgamos. E ainda bem, diz certamente qualquer mãe de um segundo ou mais filhos, porque nunca se arrependeram, de certeza absoluta, do dia em o teste de gravidez foi positivo (mesmo que no momento, e durante muito tempo depois disso, não tenham sabido o que fazer à vida).

Quanto às que pelas mais justificadas razões só quiseram ou puderam ter um filho, chegadas aqui suspiram. Suspiramos sempre, mesmo quando já pomos os olhos nos netos.


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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Que tal andas de presença de Deus? - S. Josemaria Escrivá

Tenho muita pena sempre que sei que um católico – um filho de Deus que, pelo Baptismo, é chamado a ser outro Cristo – tranquiliza a consciência com uma simples piedade formalista, com uma religiosidade que o leva a rezar de vez em quando (só se acha que lhe convém!); a assistir à Santa Missa nos dias de preceito – e nem sequer em todos –, ao passo que se preocupa pontualmente por acalmar o estômago, com refeições a horas fixas; a ceder na fé, a trocá-la por um prato de lentilhas, desde que não renuncie à sua posição... E depois, com descaramento ou com espalhafato, utiliza a etiqueta de cristão para subir. Não! Não nos conformemos com as etiquetas: quero que sejam cristãos de corpo inteiro, íntegros; e, para o conseguirem, têm que procurar decididamente o alimento espiritual adequado.

Vocês sabem por experiência pessoal – e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos – que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente. Terão observado no vosso exame – a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma – que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza. Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz.

Agora insisto em que se deixem ajudar e guiar por um director de almas, a quem confiem todos os entusiasmos santos, os problemas diários que afectarem a vida interior, as derrotas que sofrerem e as vitórias. in Amigos de Deus, nn. 13–15


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Frase do dia

"Na celebração dos sacramentos, sigam-se fielmente os livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente; portanto, ninguém acrescente, suprima ou altere coisa alguma neles, por própria iniciativa."

Código de Direito Canónico, Cán. 846, § 1


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O Segredo de Fátima - Pe. José Tolentino Mendonça

À medida que o tempo passa, acredito mais no Segredo de Fátima. Nesse Segredo que desassossega, que nos arranca de casa, dos livros, da cidade e nos lança, anualmente, para a imensidão das estradas. Eu acredito num «não sei quê» que esse Segredo derrama em nós: uma porção de confiança, de abandono e de aventura. Uma vontade de tornar a vida mais que tudo verdadeira. De tornar generosos os projetos e fecundos os laços que nos ligam aos outros. De tornar absoluta a nossa sempre frágil Esperança.

À medida que o tempo passa, vou conhecendo pessoas cujo tesouro interior foi descoberto, ampliado nos caminhos de Fátima. Pessoas que contam histórias simples, misturadas com sorrisos e lágrimas. Histórias de um Encontro tão parecido ao que teve uma rapariga da Judeia, de nome Maria. Que têm os peregrinos de Fátima? Têm o vento por asas e a lonjura por canto. Têm a conversão por caminho e a prece ardente por mapa. São filhos de uma promessa que se cumpre dentro da vida. Gosto dessa frase de Vitorino Nemésio que diz: “em Fátima, a Humanidade inteira passou a valer mais”. Gosto, porque nos caminhos longos, imprevistos e profundos de uma peregrinação isso nos é ensinado como uma evidência humilde e apaixonante.


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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Não ter medo de dizer que não - Pe. Rodrigo Lynce de Faria

«Gosto muito do meu filho — dizia um senhor numa reunião de pais na escola — e procuro que ele se dê conta disso. No entanto, reconheço que algumas vezes o meu filho se porta mal. É verdade que ele só tem cinco anos de idade. Mas também é verdade que eu tento não me esquecer desse “detalhe” quando converso com ele sobre o seu comportamento.

«No outro dia, um psicólogo disse à minha mulher que nessas idades ninguém se porta propriamente mal. Simplesmente, faz com inocência algo que ainda não aprendeu que está mal. Eu, que não sou psicólogo nem nada que se pareça, não estou nada de acordo com isso. Já vi o meu filho portar-se mal. São coisas pequenas, evidentemente, mas ele sabe o que faz e tem consciência disso.

«E para o seu bem, procuro actuar com firmeza — não é sinónimo de violência — e dizer-lhe claramente que “não”. Ser claro, para mim, não é o mesmo que gritar. Também procuro explicar-lhe o porquê do meu “não”, de modo que ele possa entender. Assim, é mais fácil para ele obedecer àquilo que eu lhe digo, mesmo que não lhe apeteça.

«Muitas vezes, apercebo-me de que ele obedece não tanto por entender o que lhe digo, mas por confiar em mim. Porque sou seu pai. E, além disso, seu amigo. A paternidade é um facto. A amizade é uma conquista diária. E essa amizade entre nós também cresce quando ele percebe que eu lhe digo que “não” porque gosto dele — quando seria muito mais fácil para mim não lhe dizer nada».

Que gosto dá ouvir estas palavras tão sensatas! Os pais, se amam de verdade os seus filhos, não terão receio de, algumas vezes, dizer-lhes que “não”. Que pena se, por temor a contristar o filho ou a passarem eles um mau bocado, se habituem a ceder naquilo que não devem ceder! Quantos remorsos depois com o passar dos anos — e eles passam rapidamente — de não ter sabido dizer que “não” a tempo! Tudo se complica. Como diz o povo, cheio de sabedoria, é de pequenino que se torce o pepino.

Não é nada lógico dar aos filhos tudo aquilo que eles pedem. Nem deixá-los fazer tudo aquilo que lhes apetece. É preciso manter-se firmes, com uma firmeza amável e delicada que procede do amor. E convém não esquecer que a primeira qualidade do amor é a força para fazer o bem.

E se, depois de ter dialogado com os filhos e ouvido os seus argumentos, eles não gostam ou não entendem uma indicação dos pais? Nesse caso, penso que os pais não devem ceder naquilo que verdadeiramente consideram que é importante. O contrário seria claudicar num ponto nevrálgico da educação. Mais tarde, serão os próprios filhos a ouvir esse “não” no seu interior diante daquilo que poderiam fazer mas sabem que não devem fazer. Mas não nos enganemos: é muito difícil que esse “não” seja interiorizado pelos filhos se antes não foi pronunciado pelos pais.


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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Os 5 'Não' da crise - Ettore Gotti Tedeschi

NÃO crescimento da economia: "Nos últimos 30 anos não nascem crianças, e o número de moradores que havia na Itália em 1980 manteve-se inalterado, portanto, como fazer para crescer o PIB que só cresce quando se consome mais?".

NÃO poupança: "Um dos fenómenos dos nossos dias é que os bancos não têm dinheiro - observou - a razão é que não se economiza mais há 25 anos .."

"Em 1975-80 a taxa de acumulação da poupança das famílias italianas era de 27% italianos, hoje é 4,5%! De cem Liras que se ganhava, 27 eram colocadas no banco, entravam no ciclo dos investimentos e das intermediações. Hoje tudo o que se ganha é gasto, consumido, não há recursos para intermediação financeira. "

NÃO casamento: "Por que hoje não há possibilidades de se casar antes dos 32 anos? Porque um jovem casal não pode dar-se ao luxo de comprar uma casa, devido ao fato de que, embora profissionais, ganhem a metade do que se ganhava a 30 anos atrás, consequência do aumento dos impostos de 25% para 50%."

NÃO idosos: "As crianças não nascem e a população envelhece e se aposenta. Isso significa, economicamente, o aumento de custos fixos: saúde e idade avançada. A sociedade não tem mais dinheiro para manter os idosos e se cogita, portanto, na chamada 'morte súbita’ ".

NÃO trabalho: "Para poder consumir, terceirizamos na Ásia as produções mais importantes. O 50% do que antes era produzido no mundo ocidental, hoje é importado porque custa menos. Deslocando a produção, também se deslocou os postos de trabalho. Não há portanto mais trabalho e o 70-80% são só serviços".


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