segunda-feira, 13 de junho de 2005

As palavras

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêdio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade, 1923-2005

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4 comentários:

Duarte 16 disse...

Que engraçado, este poema é praí o único do Eugénio de Andrade que eu me lembro de ter estudado! Potente!!

pguedes disse...

nez... esse é demasiado potente, hein?

inésia disse...

pois... um tanto ou qto porno... mas viva a poesia!

Senzhugo disse...

Que exageroooo

porno? só pq fala em corpo, molhada, mordida, nua, louca, boca...

bem, afinal és capaz de ter razão lol

contudo, o saber não ocupa lugar eheheheh